sexta-feira, 19 de abril de 2013

Variações da água





Sabe aquela espuminha que fica em cima do suco de laranja? Lembrei de você vendo isso, esses dias. 
Você diria que isso é impressionante e legal mas no fundo, ficaria curioso para saber se usei açúcar ou adoçante. Sempre foi assim. Sempre foi muito mais do que parecia e no final, era muito mais largo do que profundo. Agora, pensando um pouco nisso me lembrei de um trecho do livro "A Cabana", aquele que li no final de semana que você estava viajando para o interior. Quando voltou estava morrendo de saudades e nós faltamos a faculdade para ver um filme e ficarmos um pouco juntos. 

Mas daí, do nada, eu me lembrei de tudo isso. Quisera eu uma magnífica explicação científica ou uma teoria filosófica que pudesse satisfazer essa minha sede por conhecer o motivo de eu ter me lembrado de você pelo suco. Talvez fosse por aquela primeira vez em que você foi almoçar lá em casa, e aí derrubou toda a jarra em cima da minha mãe. Nada esperado ou agradável, mas você contornou a situação muito bem e, então, toda as suas visitas seguintes foram brindadas com o mesmo suco. Teve também aquele dia naquela cafeteria, que o garçom trouxe um suco de laranja pra você. Tudo estaria certo se seu pedido tivesse sido mesmo esse ao invés de um milk-shake de chocolate. Você não quis reclamar, estava em um daqueles dias de não falar muito. Então bebeu o suco sem querer e depois ficou de mau humor o resto do dia, até que a noite eu te comprei um milk-shake. Seu sorriso foi o melhor presente que eu poderia ter recebido.


Me lembrar de você assim... Talvez tudo tenha sido um pretexto, uma tentativa de justificar meus pensamentos. A verdade é que não consigo não me recordar de você. Mas não há nada que eu possa fazer se o nosso tempo acabou. A culpa deve ser toda minha que não me contentei com um relacionamento largo. Quem sabe a profundidade está por aí, num copo alto de suco de amora.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Invisíveis certezas - sonhos, expectativas e saudade, capítulo 2°


Oi pessoal, leitores, amigos, família, ursinhos pandas que saibam ler e afins. 
Estou aqui - muito contente, por sinal, obrigada por perguntarem - para disponibilizar a segunda parte do romance que faço com a Amanda Castilho, do blog 2% de você.
Não é possível pegar um trem em movimento, então sugiro que leia o primeiro capítulo antes de qualquer coisa, se ainda não conhece nosso projeto.
Já leu? Vamos lá então. Espero que goste da continuação desse conto.





Já se passaram 4 dias desde que falei com ela.

Uma terça totalmente sonolenta, na qual eu mais parecia um zumbi da minha série favorita.
Uma quarta mais animada do que o dia anterior, porém menos do que as habituais e com cara de "Ei, pense nela."
E, finalmente, uma quinta com o rótulo "ESPERANÇA DE TE VER ONLINE".

Só que isso não aconteceu. Eu não parava de recarregar a página do seu perfil. Não acho necessário mencionar que já estava salvo nos meu favoritos, ou seria?

Hoje é quinta-feira. Eu trabalhei com meu pai, evidentemente. O mais impressionante é que mesmo com todos aqueles papeis em cima da minha mesa, todos aqueles telefonemas atendidos no mesmo tom tedioso, e aqueles arquivos todos precisando ser organizados, eu não consegui parar de pensar nela. E o que eu não conseguia acreditar é que meu pensamento mais frequente era: Será que Alicia está pensando em mim?
Eu não sou inseguro, mas desde a primeira - e única - vez que falei com ela, eu me sentia assim, com medo de não ser bom o suficiente.
Quando me disse que precisava sair naquela noite, senti um aperto no peito, porque queria continuar a conversar com ela, por quanto tempo fosse possível. Era diferente falar com a Alícia... E desde então não a vi mais conectada.

Chegando do trabalho hoje, já fui ver se tinha alguma novidade, mas nada. Deixei o perfil dela aberto em uma aba e comecei a jogar em outra, só para passar o tempo. Não entrei em nenhuma outra rede social, para que ninguém me incomodasse na tarefa de esperar.

Sabe quando as pessoas dizem que o tempo para? Então... Foi exatamente isso que aconteceu quando eu vi um novo twitte em sua página. Corri a trocar de aba:

"Isa aqui, na casa da Alícia."

Ok, não era ela. Mas já era um começo. Não me importava se outra pessoa também iria ler, por isso a enviei uma menção.

"Te mandei uma DM".

Na DM escrevi: 

"Meu Deus, você sumiu. Quer me matar, menina? Como você anda?".

Eu não sabia se soaria meloso ou desesperado de mais, só queria falar com ela logo. A Alícia respondeu logo a mensagem:
"Ei, desculpa. Tudo bem? Fiquei ocupada durante essa semana..."

Ah, então era isso. Tudo bem.
"Saudades de você, e você de mim?", eu perguntei. Ela riu e disse: 

"Digamos que sim, em uma porcentagem considerável".

Viu, é disso que eu estou falando. Ela é só diferente... E o diferente mais lindo que eu já vi.
Então, antes que eu pudesse responder, chegou outra mensagem dela:

"Hm, de amizade com a Lili..."

"Lili, oi?", estou confuso.

"Desculpa Guilherme, a Isabela que estava digitando.", a Alícia explica.

"Ok. Guilherme não, só Gui para você ok?"

"Isabela não, só ISA!"

"Ok, só Isa."

"Isso"

Ãn? Eu não estava entendendo mais nada.

"Com quem eu estou falando? Tipo, só pra saber mesmo".

"Agora sou eu, Alícia. Desculpa Guilher... ops, Gui."

Depois disso, eu e ela conversamos em paz. A amiga dela, a tal de "só Isa ", permitiu isso. Meu coração deu uns pulinhos estranhos. Não sabia se era normal, o que eu estava sentindo. Apenas gostei daquela nova sensação experimentada.

O resultado disso tudo foi mais uma noite em que eu adormeci pensando na Alícia. E eu agora sabia que ela gostava de comer amoras, tinha mania de sonhar, a Isa era sua melhor amiga, e ela gostava de imaginar situações que serviriam de enredo para os contos que escrevia...