segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

seja como flor



Palavras perdidas nem mesmo registradas na parede da memória.
Escritas em uma noite indiferente na qual você estava alheio à minha saudade na calmaria de seu sono.
Apenas me lembro que te rascunhei com sentimento, sem demasiadas edições.
Palavras saudosas de ter quem se ama por perto.
O peito ardia, e eu me revirava na cama. Virava, mexia, insoniava.
Até que te escrevi e vi a ansiedade saindo do meu corpo aflito e se transformando em poesia pra te acarinhar. Quem dera eu mesma tivesse podido te acarinhar.
Experimentei a sensação do alívio que só escrever pode causar em mim. Como um copo d'água em dia de calor fustigante. Ou um abraço quando se está triste. Ou bem feliz.
Receio que você não saiba disso. Nem mesmo sabe que eu trocaria todas as refeições de um dia por uma deliciosa suculenta magnífica fatia de abacaxi.
Sofri com essas mesmas agonias durante tempos que nem mesmo sei quanto. Não me recordo em que momento deixei de ver a felicidade nas limitações desnecessárias e passei a perceber meu coração reclamando de tudo o que não podia sentir de verdade.
Até que deixei de me prender a velhas fotografias amareladas e passei a querer ter milagres diários. De amor, paz, e surpresa.
Eu passei a querer ser como uma pétala que o vento leva e brinca.
Deixei de querer te escrever,
As palavras não podem ser forçadas e eu não faria isso com elas.
Não fiz isso comigo.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Invisíveis Certezas - Buscas, desencontros e um auto-falante, capítulo quinto

Olá queridas pessoas que sabem ler!
Primeiramente, gostaria de compartilhar com vocês que estou cada vez mais apaixonada pelo Gui e pela Alicia.  Esta história está nos proporcionando - a mim e a Amanda, do blog 2% de você - sentimentos muito contraditórios. É uma vontade gigante de terminar de escrever o conto Invisíveis Certezas, e ao mesmo tempo aquela possessividade e carinho com os personagens que nos fazem querer tê-los conosco pra sempre. Então não se assustem caso escrevamos infinitos capítulos, e com a última linha sempre deixando um gostinho de quero mais.

Você que está começando a acompanhar o projeto hoje ou você que quer reler os capítulos anteriores, nas versões masculina e feminina, clique aqui.
Para ler o lado Alícia deste capítulo, clique aqui





 03:30, madrugada de quinta-feira. Está realmente exaustivo tentar dormir com toda essa ansiedade me tomando o peito. Sinto como se as paredes do quarto fossem se fechar contra mim, me esmagar, me pressionar até que todos os meus ossos não sejam mais do que pó. 

04:50 Pego o celular e verifico se Alícia mandou alguma mensagem, ou deu qualquer tipo de notícia. 

05:30 Ok, desisto de me torturar. Depois de tomar banho, e me arrumar, desço até a cozinha onde meu pai já está preparando o café. Ele se assusta por me ver pronto já cedo. Respiro fundo e digo que terei de faltar à escola e ao trabalho hoje. 
                                                          
-E eu posso saber o por quê? 
-Claro. Bom, mais ou menos. O senhor não entenderia. Mas basicamente, eu preciso encontrar uma pessoa. 
Ele me olha com aquela expressão de quem não está gostando nada disso. Entretanto, inesperadamente, balança a cabeça e sai resmungando. "Esses jovens de hoje em dia...".

06:30 Ainda é tão cedo! A Alícia não deve estar nem perto de São Paulo! Vou para o quarto e ligo o computador. Talvez haja algum recado dela para mim deixado na noite anterior. Verifico, e nada. 
Escuto o barulho de minha mãe acordando e se preparando para ir trabalhar. Se eu soubesse o que fazer ou para onde ir, poderia pegar uma carona com ela.
Vejo que Isabela, a melhor amiga da Alícia, está online. 
-Ei! - eu a chamo.
-Olá, menino da cidade grande. 
-Como vai Isabela? Será que você não teria alguma notícia da Alícia para mim?
Ela manda risadas, e talvez eu deva me sentir um pouco idiota por isso.
-Guilherme, fazem apenas umas duas horas que eles saíram daqui. Espere um pouco, se acalme.
-Eu sei, eu sei. Desculpe, estou um pouco ansioso.
-Entendo. Olha, preciso ir para a aula. Anote aí meu número, qualquer coisa me liga.
Peguei uma caneta e escrevi-o numa folha do bloco em cima da escrivaninha e joguei o papel dentro do bolso do jeans. Era mais rápido do que teclar naquelas minúsculas letrinhas no celular. Digitar quando se está nervoso é mais difícil do que parece.  

07:00 Decido ir com a minha mãe até seu escritório no centro e esperar por algum sinal da Alícia lá. Pelo menos vou estar fazendo alguma coisa. Pelas janelas do carro, busco o rosto da garota dos meus sonhos em cada um que meus olhos alcançam. 

08:20 Repasso em minha mente todas as informações que tenho sobre essa viagem:
1° Estava previsto estarem no shopping Center Norte às 9:30.
2° Planejavam visitar o Museu da Língua Portuguesa e a Pinacoteca.

09:00 Não aguento mais essa angústia. Disco o número dela, mas está fora de área. Aproveito que minha mãe está atendendo um paciente, digo para a secretária avisar que mais tarde ligo para ela e saio rumo às incertezas que pairam sobre mim. 
Decido ir andando até o shopping, já que não é muito longe daqui. Eu certamente não sabia que iria me arrepender disso um pouco depois.

09:40 Fui roubado. Talvez eu deva ver pelo lado bom e agradecer pelo homem de agasalho preto e bermuda azul clara ter levado somente meu celular. Foi tão rápido que ele não percebeu o volume no outro bolso e me deixou com a carteira intacta. Também não aconteceu nada comigo, fora o susto. Eu nunca tinha sido assaltado, e isso não era um bom sinal para o dia que já não andava tão bom.

10:00 Passo pelas portas de vidro do centro comercial e instintivamente vou à livraria. Procuro por entre as prateleiras e bancadas, e, quando finalmente me convenço de que ela não está aqui, me sento no banquinho em frente a porta. A Alícia não vai deixar de vir ao paraíso da leitura, pensei.

11:00 Eu devia estar com uma cara péssima, pois era como se as pessoas que passavam por mim se segurassem para não me dar um ombro onde eu pudesse chorar. O relógio em meu pulso - graças a Deus escondido pelo moletom cinza que usava e, portanto, fora da vista do ladrão - me orientava e não me deixava totalmente à mercê do tempo. 

12:00 Quando fui pegar minha carteira para ver quando dinheiro tinha, percebi o pedaço de papel amassado com o número da Isabela. Senti uma pontinha de esperança me invadir. Fui até o orelhão do shopping e coloquei o cartão telefônico que meu pai sempre me disse para carregar. "Para o caso de uma emergência". Obrigado, pai! 
Ela atendeu no terceiro toque.
-Alô?
A fala estava um pouco engraçada, como se estivesse comendo. Que sorte a minha, era a hora do intervalo na escola.
-Isabela, sou eu, Guilherme. Fui roubado e estou te ligando de um orelhão. Liga para a Alicia, por favor, e diz que estou esperando por ela em frente à livraria do shopping - disse rapidamente para que o meu tempo não acabasse. 
-Ok, darei o recado.
Esperei alguns minutos, disquei o número já decorado de Alicia e esperei que me atendesse. 
Assim que escutei a voz dela do outro lado da linha, a ligação caiu. Verifiquei se ainda tinha unidades para gastar e liguei novamente para ela, que, dessa vez, deve ter recusado a chamada.
Minha esperança era que Isabela tivesse tido mais sorte que eu, então voltei para meu posto inicial.

12:45 Desisto de esperar. Vou até a praça de alimentação, compro um sanduíche e sigo para a Pinacoteca. Preciso tomar algum caminho, ou deixar que meus pensamentos me levem para a escuridão de imaginar que Alicia é só uma invenção. Uma triste ilusão. 

13:00 Entro no prédio de tijolinhos à mostra e começo a procurá-la em todos aqueles visitantes. Tentar reconhecer seu olhar cheio de sonhos, calor e poesia em tantos rostos indiferentes à beleza do mundo e da arte era frustrante. 

13:20 Depois de perambular por todas as salas e andares, me deparo com uma porta: SALA DE SEGURANÇA E AVISOS. A ideia me surge tão rápida e surpreendentemente, que me pergunto como não pensei nisso tão logo que cheguei e percebi a música vinda dos altos falantes. Bato na madeira maciça e um grande sorriso se abre em meu rosto, me mostrando que uma pequena parte do que chamamos de sorte ainda não me abandonou totalmente. 
-Seu Manoel! O senhor não imagina como estou feliz de te ver por aqui.
-Guilherme? Visitando a exposição? Acho que se perdeu, as salas são por...
Seu Manoel era o vigilante das câmeras de segurança do prédio onde moro. Pelo visto, esse era apenas um de seus empregos. 
-Não, estou exatamente onde deveria.
Expliquei-lhe toda a minha situação. Ele cedeu em me deixar falar por alguns segundos no microfone que seria ouvido por todos que estivessem ali. 
Minha última cartada. Minha última tentativa. Era isso ou perder a oportunidade de ver a Alicia do meu país das maravilhas. 


domingo, 16 de novembro de 2014

Metalinguagem





Alma de escritor tem vida própria
e lhe falta comando
e lhe sobra vida
A mente vagueia, parece nunca querer voltar
e nunca se cansa
ou se cansa tanto que escreve sobre fadiga
Olhos de escritor vê poesia no avesso
no escuro
no comum que é pacato
nos gestos de quem vive de verdade
no amor
e sente as palavras arderem no peito.
Mãos de escritor buscam inspiração nos cantos e dentro.
de coisas
armários
pessoas
Coração de escritor sofre de agonia
Por querer se ferir para ver se escorre poesia.
Mente de escritor é afetada
lá, todo o mundo vira descrição
e todo diálogo vira grafia.
Escritor é a própria alma 
que transcende os limites do ser em busca de razões reais para escrever.


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Invisíveis Certezas - ansiedade e o grande dia, capítulo 4°

Bom dia, boa tarde, boa noite.
A história do Gui e da Alicia ganha mais um capítulo, sob duas visões.
Eu e a Amanda Castilho do blog 2% de você damos continuidade a esse projeto e esperamos que sintam os personagens próximos de vocês assim como eles parecem nos abraçar enquanto escrevemos.
Para ler o lado da Alicia deste capítulo, clique aqui.
Entre nessa aba para ter acesso as capítulos anteriores em ambas as versões.


Num primeiro momento não consegui acreditar. Talvez fosse alguma brincadeira de Alícia, ou uma amiga tivesse pego seu celular e me enviado a mensagem dos sonhos. Ela demorou um tempo até me convencer de que era real: sua turma iria realmente vir à São Paulo para uma visita á alguns museus, dentro de um mês. 

Nos dias que se seguiram a essa noticia eu não deixei de pensar no momento em que veria de perto seus olhos dourados e profundos. Passava meu tempo imaginando como seria seu cheiro. Algo como livros na prateleira, xampu de flocos e caneta de morango, se é que isso existe. 
Nunca me senti tão profundamente interessado em alguém, e tinha medo de que pudesse ser um instinto meio louco, daqueles que todo mundo fala de que as pessoas se interessam mais quando alguma coisa é mais difícil. No meu caso, morarmos longe um do outro. Eu não queria magoá-la de maneira nenhuma, mas sabia que era verdadeiro o que eu sentia. Estava apenas super inseguro. Talvez com relação a ela ser a garota mais incrível que existe e eu apenas mais um dos muitos que existem em São Paulo, e isso sem falar no mundo. 

Me sentia culpado por não ter nascido na terrinha que ela tinha me descrito com tanto amor e admiração. Todas aquelas serras, rios e cachoeiras. Sem falar na comida.  Me lembro de ter sorrido na primeira vez que ouvi sua voz carregada do sotaque de Minas. Devo dizer que, pela convivência, peguei-me dizendo "uai" em mais de um momento. Seria mais fácil se morássemos perto, entretanto não poderia afirmar que aconteceria algo entre nós. Na verdade, acredito em destino e vontade de Deus. Os 290 quilômetros que nos separam devem ter algum propósito. 


Eu e Alicia agora conversávamos por vídeo quando os estudos nos permitiam, e o trabalho dela no pesqueiro não era tanto - pelo que pude entender, era um estabelecimento familiar que, na região do sul de Minas, é até bem comum. Vê-la com um rabo de cavalo frouxo , aquele sorriso de canto de boca todo dela, e uma camiseta velha dos Los Hermanos foi tortura. Me fez ter tanta vontade de abraçá-la que chegou a doer. Nosso principal assunto era sobre a viagem e como nos encontraríamos. Seu professor de português - que estava organizando os pontos em que iriam parar e outros detalhes - não lhe dava muitas informações. Eu não queria que desse nada errado no dia, mas pelo que estava vendo, teria de me preparar para qualquer coisa. 

Faltavam duas semanas para que ela viesse e eu tentava manter minha cabeça distraída. Apesar de passar alguma parte do tempo nas aulas de canto e de natação, eu não tinha muita escolha: era o último ano do colegial e se eu quisesse fazer faculdade ano que vem teria que estudar. Não é fácil conciliar a pressão de seu pai para seguir seu  caminho na Contabilidade com a vontade de cursar Direito. Eu mudava de assunto quando ele começava com esse papo de vestibular e sobre eu assumir a empresa da família. Não queria brigar, e nem parecer um jovem rebelde sem causa que jogaria tudo para o alto com suas fantasias malucas. Na hora certa ele entenderia.  E Alicia me ajudava bastante, também. Dizia que o futuro se moldaria de acordo com as minhas escolhas no presente, mas que eu não devia me martirizar caso tomasse um caminho errado vez ou outra. É assim que a gente aprende a ser gente de verdade.

Quanto à ela, pelo que entendi, era fascinada por números e queria cursar uma Engenharia. Ainda assim, não via sua vida sem as palavras e escritos. Citei para ela um trecho de um dos meus livros preferidos: "As palavras são, na minha nada humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia". Ela tinha um blog, e qual foi minha surpresa quando o acessei certa tarde e tinha um texto sobre mim - ou pelo menos parecia.

Na véspera da viagem, eu e Alicia combinamos de nos falar a noite, e assim fizemos. Ela me disse que o ônibus que os trariam para cá sairia de São Lourenço às 5 da manhã e faria sua primeira parada, às 9:30, se o trânsito colaborasse, no Shopping Center Norte. 


Eu não dormi nessa noite, e o pensamento que me veio à mente foi a madrugada em que nos falamos pela primeira vez, pelo Twitter. Aquela insônia abençoada que me trouxe a mineirinha mais encantadora do mundo. 


O quinto capítulo de Invisíveis Certezas já foi postado!
Clique aqui e confira!




terça-feira, 4 de novembro de 2014

imposição


Dormiu menina, acordou mulher.
Teria sido a taça daquela bebida azul e estranha que a instigaram a tomar na noite anterior? Ou quem sabe os acontecimentos recentes? Aqueles que a fizeram querer ir a tal lugar e se deixar persuadir a tomar a bebida estranha e azul.
Talvez a ciência explicasse essa repentina transformação em seu ser. Explosões cósmicas ocorridas na madrugada passada poderiam ter a afetado diretamente.
Ela conferiu: e a mudança, percebeu, havia acontecido apenas em seu interior. 
Mãos continuam as mesmas, pés continuam os mesmos. A barriga também esta ainda um pouquinho maior que o desejado. Mas ela não se importava tanto. Não mais. Era uma mulher. Mulheres têm coisas com o que se preocupar, se importam com assuntos importantes. Elas eram mulheres de verdade, era o que diziam. 
Ainda se lembrava de quando as pessoas falavam: "você já é uma mocinha",  e ela percebera que não poderia mais brincar de pentear suas bonecas. Brincadeiras deixaram de fazer parte de sua vida naquele momento. Foi-se indo a vida e, de mocinha passou à moça. Até que então, de repente, mulher. E suas músicas preferidas deixaram de ser ouvidas. Não eram adequadas para ela.
Uma grande e brusca virada na roda. Nada de gradual ou silencioso. Acordara com vontade de ler a coluna de politica no jornal. 
E pronto, era mulher. 
Sendo assim, mulher, teria de agir com coragem e determinação em todos os momentos de sua vida. Era adulta, tinha que se comportar como uma, todos diziam.
Ela se sentia errada, já que sua alma estava mais experiente - e talvez alguns vestígios de rugas estivessem aparecendo em seu rosto - mas toda a confiança e ausência de medo que ela deveria estar sentindo não existia, não para ela. Talvez ela fosse mesmo errada. Ou talvez fosse apenas mais um ser humano. Imperfeita, e real.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

uma dose de cultura, por favor



Ah, se aqueles livros falassem! Estavam a tanto tempo empilhados, esquecidos, abandonados em alguma sala sem graça e, provavelmente, com as paredes descascando. Sei como deveriam estar se sentindo extremamente tristes e inúteis, pensando em como poderiam sair dali para um lugar mais agradável e ajudar de alguma forma. Mas não hoje. Hoje eles perceberam o quão especiais, divertidos e estimulantes são, com todas aquelas mãozinhas por perto, ávidas por abri-los e folheá-los. 

Talvez as pessoas não tenham mais tempo. O dia é corrido, a louça não se lava sozinha, a novela não pode esperar. Mal sabem que sorrisos e exclamações de donos de mentes tão inocentes podem tornar a vida absurdamente mais feliz.

Crianças são afoitas por novas descobertas, por natureza. Querem sempre alguma novidade, uma brincadeira nunca antes experimentada. Não recusam nem mesmo aquela comida, com cor estranha e textura diferente, afinal, o gosto nada tem a ver com as características externas. Elas é que são espertas!

Quando se abre as páginas de um livro, e palavras e ilustrações destacam-se aos olhos, um novo mundo é vivenciado. Sensações, sentimentos e elos brotam nos corações. É quase palpável a energia em torno de quem está mergulhado na história, lendo ou escutando. Mais mágico ainda é quando se lê para uma criança. 

Uma formação cultural precisa ser iniciada na vida desses pequenos cidadãos desde bem cedo. A falta que uma boa estrutura pedagógica faz é incalculável. O lado sensível, criativo e  lógico das pessoas está em constante desenvolvimento e precisa ser sempre alimentado. Um dos pratos principais dessa refeição é a leitura. Por meio dela podemos nos tornar seres humanos melhores e capazes de mudar o meio em que vivemos. A transformação vem primeiramente de dentro de cada um, e é importantíssimo que a semente germine. Tudo depende de um pouco de imaginação, e isso todos sabemos que não falta nos pequenos. Basta um simples pedaço de pau e temos uma guerra entre o mocinho armado com sua poderosa espada e o vilão que quer dominar o mundo.

A primeira feira do livro de Lambari aconteceu nos dias 17, 18 e 19 de setembro de 2014. É um marco para a cidade, pois alimenta a esperança daqueles que ainda acreditam no potencial da população local. A cultura é uma arma potente contra a ignorância, e esta é a âncora que só faz afundar as pessoas para um buraco ainda mais escuro, onde não conseguem enxergar a beleza das coisas simplesmente por não saber fazê-lo. 

Quem mais se beneficia com atos como dar um pouco de atenção e tempo para ensinar, somos nós mesmos. Não há maior gratificação do que saber que um pouco de gosto pelo conhecimento foi passado para esses novos futuros leitores. 

Portas antigamente trancadas pelo lado de dentro, são escancaradas quando a capa de um livro é aberta.
A mente de cada um se tornará uma extensão de seus saberes.
As palavras de cada um, os farão infinitos.
E tudo o que vai ser absorvido deles será eterno.















quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Não importa a cor do céu


Sorriso aberto, incerto.
Tão aberto que por seus cantos é quase possível enxergar seu coração. Repare, quase.
Tão incerto que oscila a cada vez que pensa de verdade.
Talvez seja esse seu almejo, que descubram.
Talvez não devesse pensar tanto.
Os olhos quase fechados. 
Uma consequência.
Queria enxergar, ainda assim.
As impressões ficam gravadas na mente, no corpo, na alma.
Cada pedacinho de memória é bem costurado no chão dos tecidos.
Sorriso aberto demais.
Sentimentos expostos demais.
Sofrimentos lembrados demais.
Olhou para cima e viu a andorinha pousar no galho da amoreira.
Olhou para o lado e percebeu o livro da vez fechado sob a cama, sem que se lembrasse da página em que estava.
Olhou para o espelho e se observou com os cabelos bagunçados de quem vai passar o dia todo em casa, preguiçando.
Sorriu.


sábado, 30 de agosto de 2014

Pra quem não tem colírio



Lera certo livro de amor, certa vez.
Aliás, lera alguns livros de amor, durante a vida.
Afinal, que livro não traz o amor, mesmo que como plano de fundo ou nas entrelinhas de suas páginas?
Em últimos dos casos, talvez ele esteja ao menos nos agradecimentos do autor para alguém importante.

As músicas que mais me interessam são aquelas em que ele se faz presente. Até mesmo o egoísmo nos versos do Camelo dizendo que quer todo o amor do mundo apenas para ele e sua amada me emociona. Quer possessividade mais aceitável que essa?
Não há sentido para mim ler ou escrever poesia sem que esteja impregnado em suas estrofes um sentimento verdadeiro por algo.

Não falo do amor apenas no sentido de relacionamento, isso é o estereótipo que mais me incomoda.
Nunca me tocou maior história de amor do que aquela de quando eu tinha 7 anos e o Zezé, totalmente sentido, disse que seu pé de Laranja Lima já havia sido cortado há mais de uma semana. Relera-o algumas vezes até entender o verdadeiro sentido da coisa, o motivo real pelo qual eu fiquei tão maravilhada  e impressionada com a história ao ponto de preferir virar as folhas à comer ou dormir.
Talvez, com minha cabeça e pensamentos de criança, não necessitasse de um motivo para ser gentil, ou para perceber a felicidade em minha vida. Que problemas eu tinha, mesmo?
Apenas me lembro de passar a querer ser mais carinhosa com as pessoas - e com as árvores.
Sempre estou em busca de novas palavras que me façam ver o amor em algum lugar antes despercebido.

A expectativa que todas as vezes me toma o peito por saber que um anjinho vai vir me visitar, me mostra o quão sortuda sou por ter contato com a ingenuidade e o afeto de uma criança. Não existe alegria maior do que receber um abraço bem dado apenas porque se estava com tanta saudade.

Encontrar o amor é tão simples que acaba confundindo tanta gente. Gente que provoca guerra por amar tanto um lugar. Gente que não sabe pensar nas consequências e acaba que – por amor- faz coisas que não deveria. Gente que se esquece de dizer que ama e depois sofre por ser tarde demais. Gente que está tão desacreditada por estar sozinha que esquece que o Camelo não pegou todo o amor do mundo pra ele, e que a sua volta existem tantas coisas e pessoas para serem amadas.  Um cachorrinho ficaria muito feliz em ser adotado. Uma criança pode estar precisando de um gesto de amor. Um sorriso gostaria tanto de aparecer em seu rosto...


O amor é questão de ser. É questão de ver.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Não é sobre gramática


Uma oração só é uma oração quando possui um verbo. Existem três tipos de tempos verbais no pretérito, dois no futuro e apenas um no presente, no modo Indicativo. Ao meu olhar de sentimentalista assumida, isso demonstra que o caminho que deve levar à plenitude no hoje é muito mais difícil de ser encontrado. Estar satisfeito com o que se é, no segundo em que o relógio está marcando, é uma tarefa complicada. E eu sempre tive problemas sobre olhar longe demais. Mas, por mais que eu frequentemente me prenda a algo que nem mesmo aconteceu, ainda não me tornei tão lunática que não pense em como gostaria que nossos verbos não estivessem no passado.
Também não os desejo em meros devaneios sobre o futuro. Preciso deles no agora.
Seria fácil demais dizer que não devemos tentar, que nunca dará certo. Ou que todos os problemas que provavelmente passaremos não valerão a pena, no final. Mas sabe de uma coisa? A felicidade, por mais que esteja presente nas coisas mais simples, não se deixa ser conquistada sem um pouco de esforço. 
Se vai doer, se vai decepcionar, se vai fazer lamentar, é impossível prever. Mais frustrante do que isso é pensar sempre em como deixamos de provavelmente ser felizes. Melhor machucar do que passar a vida toda na inércia. Qualquer sentimento é melhor que nenhum.
É angustiante conseguir ver de maneira tão real cenas e mais cenas passando na frente dos meus olhos, mas saber que elas são apenas o que eu gostaria que fossem.
Se for pra ser, que seja. Não que será. Não que tenha sido.
Quando a gente realmente quer, dá pra fazer a diferença. E nenhum receio de arriscar é suficientemente bom ou forte para barrar um sonho. Pelo menos não deveria ser.
Um sujeito - mesmo que indeterminado -, um verbo, e um ponto. Que ele seja final. Nunca de interrogação, ou, pior ainda, uma reticências. Exclamações são aceitáveis em situações de amor extremo. 
O meu pedido, senhor garçom? Que os verbos estejam sempre acontecendo. 



sexta-feira, 25 de julho de 2014

o legal de ser


Não se esconda atrás dessa pilha de sentimentos. Você pode dar um suspiro pesado demais fazendo com que ela se desequilibre e, consequentemente, caia tudo em cima de você, com um baque surdo e muitas coisas espalhadas a sua volta. Sinto dizer, mas vai doer muito. E te presentear com uma grande sensação de remorso e de "eu poderia ter feito mais". Não, você simplesmente poderia ter feito alguma coisa. Já seria mais do que nada. Qualquer coisa é alguma coisa quando a gente age e deixa de ser um mero espectador.
Eu sei que se entregar, viver intensamente já te machucou de mais. Confiar te causou muitos problemas. É como dizem, a decepção não vem daqueles que não nos importamos.
Mas deixar que o seu verdadeiro eu se perca no labirinto do mundo não te fará sentir melhor.
Todas as vezes que sua garganta se fechou e você reprimiu uma avalanche de pensamentos, impedindo que eles se tornassem reais, a felicidade verdadeira se afastou um pouco mais.
Se tudo o que temos são incertezas, é melhor viver em harmonia com elas, e perceber que ser surpreendido é necessário para nos manter vivos. É como a curiosidade, que nos faz querer saber e conhecer sempre mais e mais. Todas as respostas existem por meio daqueles que perguntaram, que não se conformaram e buscaram uma nova perspectiva. A esperança de poder se sentir completo tem que ser maior que o medo de ser magoado novamente.
Permita que enxerguem seu coração e seus desejos, diga palavras que realmente quer dizer. Faça com que você seja a diferença.
Agora saia de trás do que quer que seja - lugares, pessoas, palavras, atitudes - e se mostre.
Levante seus pés e enxergue o mais além que conseguir. O horizonte é tão lindo!
Sabe aquela música que você ama? Cante-a loucamente. E daí que sua afinação não é das melhores? A felicidade é um pouco surda, mesmo.
Abra a janela, e grite ao mundo que você despertou. Se apenas o eco te responder, saiba que a solidão nunca existirá se você se tiver ao seu lado. Tudo o mais é consequência.




resetar



Re.
Repensar
Reaprender
Recomeçar
Reconhecer
Refazer
Reviver
Reamar
E amar de novo.
Sentir tudo de novo.
Como se fosse a primeira vez.
Se não o sonho de ser feliz, qual o maior outro motivo que nos induz a sempre seguir em frente?
e
Respirar
Relevar
e reerguer
Porque viver nada mais é do que completar o espaço que Deus nos deu.
Reticências.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Despertador das fases



A cozinha sempre impecavelmente arrumada, seguindo ordens daquela que não se ousaria desobedecer, nunca lhe parecera um bom lugar para se sentar e pensar na vida. Mas, naquela tarde, as frutas de porcelana, coloridas e artificialmente suculentas, num bonito anteparo de vidro a fizeram querer parar e admirar. O arranjo de flores ao lado da pia,  no balcão de mármore, exalava um perfume específico delas e dava ao lugar um charme e beleza todo especial.
Pequenos objetos cheios de detalhes colocados e espalhados harmoniosamente no ambiente, caracterizavam seus jeitos e mostravam que aquele era um lar.
Sentiu-se, então, arrependida por não ter tido a sensibilidade necessária para apreciar o que tinha diante de seus olhos. O clichê de "só se dá valor quando se perde" não se encaixava ali, pois não era questão de desvalorização, e sim do quão comum é as coisas mais simples da vida passarem despercebidas.
Seu relógio andava mais depressa, as folhas do calendário tinham que ser arrancadas num ritmo muito mais acelerado do que ela se lembrava ou gostaria. O tempo, que antes a fazia ficar ansiosa para que passasse logo e levasse consigo os dias que faltavam para que seu aniversário - e, consequentemente, a festa, os sorrisos, abraços e presentes - chegasse, agora lhe parecia castigar como uma chuva torrencial de dezembro, obrigando-a a crescer.
Seus momentos ali tinham hora marcada para se transformarem de permanentes para visitas esporádicas.
Enquanto pensava, aqueles três pequenos seres que chamavam de cachorros começavam a latir e dar-lhe mais um motivo para sentir saudade quando já não tivesse tudo isso ao alcance das mãos.
Como que um despertador, uma gota d'água rebelde caiu do chuveiro e a fez voltar à realidade e a tudo o que tinha. Mas era preciso abrir mão de algumas coisas para encontrar-se com outras. Para abrir as portas do futuro era preciso passar pelos batentes das do passado.
De certa forma, ansiava por isso. Queria experimentar tudo o que o passo seguinte lhe causaria.
Quando avisavam que a vida não era fácil, esqueciam-se de dizer que ela fazia doer o coração simplesmente por ter que seguir em frente.
Talvez ela comprasse frutas de porcelana iguais a essas que agora estão na sua frente. Apenas para estar mais próxima de tudo do que, inevitavelmente, sentirá falta.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Morfina.

   

Desenhos que meus amigos fizeram para comemorar comigo os três anos de TaV.


Eu amo vocês. Mesmo. E obrigada por fazerem parte de tudo isso.


"-Olha, mamãe. Fiz um texto novo, quer ler?"
2 minutos depois:
"Que lindo, Belinha. Por que você não cria um Blog para postar o que escreve?"
E eis que surge o Textualizando a Vida no dia 02 de junho de 2011(com esse mesmo nome desde o início, o qual eu já tinha no fundinho da minha mente desde sempre, e eu não sabia de onde eu o tinha tirado nem para que usar). 
Sempre foi muito mais que um diário virtual. Era uma menina tímida apenas querendo mostrar seus medos, aflições e, acima de tudo seus sonhos, por meio de historinhas. Era uma menina que queria de qualquer maneira se parecer pelo menos um pouco com aqueles que a inspiravam e que tinham seus nomes abaixo dos títulos dos livros que lia. Era uma menina com uma grande necessidade de transformar pensamentos em palavras.
Hoje o Textualizando a Vida completa seu terceiro ano. E tanta coisa mudou!
Aquela menina percebeu que a vida é muito mais difícil que uma poesia de amor. Mas, que escrevendo com as palavras certas e um pouco de imaginação, qualquer situação pode ficar mais bela e se transformar no capítulo do final feliz, pelo qual todos esperamos. Para ela, não existia nada mais precioso e mágico do que ver as letras se agrupando. Escrever era como poder tocar seus pensamentos, materializá-los e fazê-los ficarem concretos. Folhas e mais folhas de rascunhos perdiam-se em seu quarto, espalhados em gavetas, pastas, bolsas, caixas e cantos.
Ao passar do tempo a menina começou a receber recados de pessoas que estavam lendo e gostando do que ela escrevia. Faíscas de esperança e realização se acendiam nela quando isso acontecia. Tudo não passava de uma brincadeira, mas se tornou a brincadeira mais linda de sua vida.
Enquanto ela crescia, seus sentimentos iam mudando, suas percepções se abrangendo, até que ela se tornou o que eu sou hoje, pura e simplesmente consequência de tudo o que vivi até aqui.
Não são raras as vezes em que leio meus primeiros textos. A nostalgia que me invade é pelo fato de que as palavras são para mim muito mais esclarecedoras do que uma fotografia. Sorrisos podem se formar sem vontade, mas o que escrevo nunca será algo que não estou sentindo verdadeiramente. O Textualizando a Vida é uma janela da minha alma e por meio dele posso recordar momentos passados e emoções fortes o bastante para terem me feito sentir necessidade de registrá-las.
Aquela menina de 14 anos, nunca imaginou que seu mundinho sem fadas lhe permitiria escrever e ainda assim, viver. Ela não sabia que todas aquelas ideias em sua mente, cheias de cores e cheiro gostoso, pudessem ficar ainda mais lindas quando lidas. Ela me mostrou que muitas vezes os escritos cumprem o papel de um orientador, um amigo.
Aquelas historinhas que ela escrevia desde pequena me mostraram que a verdadeira felicidade acontece toda hora. Basta que permitamos que ela se apodere de nós.
Sua mão vivia sempre cheia de marca de caneta, e suas canetas viviam sempre sem tinta.
Aquela menina cheia de sonhos fantásticos e vontade de abraçar o mundo me ensinou a ver a vida com os olhos de um leitor. Um leitor ávido, cheio de sede por descobrir o final da história. Ela via inspiração em tudo. E tudo a fazia imaginar cenas e desfechos encantados e encantadores.
Ela acreditava que os finais felizes existiam e amam ser escritos, contados, descritos, lidos e admirados, para que se perpetuem e se tornem infinitos na mente de cada um.

Se hoje o Textualizando a Vida comemora 3 anos de existência, é graças àquela menina. E, por ela, eu desejo textualizar durante toda a minha vida. 




domingo, 1 de junho de 2014

Invisíveis certezas - Boas notícias e você, capítulo 3°.



Queridos leitores, como vocês estão?
Estou super feliz, pois eu a Amanda do blog (perfeito, sério vocês deveriam ler e acompanhar e salvar o link nos favoritos) 2% de Você resolvemos retomar o projeto Invisíveis Certezas.  A história do Gui e da Alicia precisa de um final, vocês não acham?
Hoje, nós estamos compartilhando o 3° capítulo desse conto. 
Para quem quer ler os capítulos anteriores para relembrar, ou conhecer nossa proposta, criei uma página especial para isso, onde estão disponíveis todos os links necessários para ficar por dentro de tudo e de cada detalhe. Clique aqui e confira.
Obrigada pelo carinho, atenção e tempo de todos vocês. Boa leitura!





Ah, que sono!
Acordei cedo hoje, como de costume, mas estou quase cedendo à tentação da minha cama, que diz: "Guilherme, chega mais, parceiro".
Enquanto minha mãe está na cozinha preparando o que deve ser meu café da manhã (sem ofensas mamãe, mas ser saudável não tem absolutamente nada a ver com comer verduras em todas as refeições do dia), meu pai está assistindo à um programa educativo na sala. Não deve ser impressão minha o fato dele ter aumentado o volume da TV para que eu possa ouvir o que o especialista em comportamento dos jovens está falando sobre internet. "FAZ A MAL À SAÚDE!" repete ele, freneticamente. Como se eu fosse o tipo que fica o dia todo conectado. Bom, só quando posso. 
Fiz uma rápida conta mental e vi que já faz 10 dias desde a última vez que vi a Alícia “disponível”. Pelo menos, um pouco antes dela dizer tchau, eu me lembrei de pedir o número do seu celular. Pelo que pude perceber, ela devia ter muita coisa para fazer durante o dia, mas deu para conversarmos melhor, por torpedos. 
                                                                 ...

-Ei, Gui! - Sério, eu não sou a pessoa mais ranzinza desse mundo, mas a Marcela fazia parecer acordar de MADRUGADA para ir à escola um exercício totalmente prazeroso. 
-Tudo bem? - consegui responder na maneira menos forçada que consegui. Estávamos no intervalo, eu estava pensando na Alícia e comendo o sanduíche de peito de peru, que comprei no caminho da escola já que o café da mamãe não me pareceu a melhor escolha para aquele dia em que eu estava especialmente com vontade de manter a comida dentro do estômago.
-Ótima! Então, o que rola pro sabadão?
Ia dizer: "Hum, com você? Nada." Mas optei por:
-Ah, estou cansado. Acho que vou preferir ficar em casa mesmo. 
Eu estava planejando ligar para Alícia novamente, no sábado. Foi incrível ouvir o som da sua voz, e, mesmo à distância, perceber sua timidez quando disse que também gostaria de me ver pessoalmente. Não conseguia entender como, só sabia que o sentimento que estava ali dentro de mim não era nada comparado ao que eu senti nos dois anos que namorei com a Marcela. Com a Alícia era diferente, nada era forçado. Os assuntos não tinham fim, era tudo muito natural, tão espontâneo como quando eu me fascinei com aqueles lindos olhos cor de mel, pela foto do seu perfil. 
-Poxa, você já foi mais animado hein!? Quando namorávamos...
E aí ela começou - de novo - a discorrer sobre quando tínhamos 15 anos, até 5 meses atrás, quando ainda éramos um casal. Eu já tinha dito a ela para parar com isso, mas não adianta. Agora, quando ela começa a falar sobre isso, eu finjo que presto atenção enquanto viajo mentalmente. Ultimamente, eu tenho um destino certo para ir: São Lourenço, a cidade da garota dos meus sonhos.
O sinal que nos avisava que era hora de voltar para a sala de aula bateu. Quinze minutos depois, meu celular vibrou em meu bolso. Não imaginei que fosse a Alícia, pois ela já havia respondido minha mensagem de "Bom dia", e sei o quanto é ligada aos estudos, não era de conversar durante a aula. 
Como era aula de Física, resolvi abrir a mensagem depois. Estava com uma prova marcada para dali 2 dias, e mesmo me dando melhor em Exatas, decidi não arriscar a perder nenhuma parte da matéria.
Quando a aula terminou, nós tivemos 5 minutos até que a professora de Biologia, Fernanda, chegasse. Lembrei-me do SMS recebido. Ao abrir, não pude conter os pensamentos que inundaram minha mente e tomaram conta do meu ser. Foi como se as expectativas para o futuro ficassem, de alguma maneira, concreta. Apenas foram invadindo e ficando permanentes. Como se a possibilidade de sentir o cheiro da Alícia fosse suficiente para me deixar feliz por toda a eternidade:
"PARECE QUE ALGUÉM VAI ME VER EM BREVE. SE EU FOSSE DAR UMA DICA DE QUEM SEJA, DIRIA QUE É O GAROTO MAIS LINDO DA CAPITAL PAULISTA."




Para conferir a versão feminina desses acontecimentos, narrados pela nossa querida Alicia, clique aqui.

O quarto capítulo já foi postado, vem ler!