quinta-feira, 6 de março de 2014

Mas quem se importa? É carnaval, amor!



Cinco. Esse era o número de vezes que eu já tinha me arrumado, concluído que não estava bom, e começado de novo.
Provavelmente já se passavam das nove e as meninas viriam me chamar a qualquer momento.
Tudo bem, pensei, vamos lá.
Revirei mais uma vez meu armário, e, como num passe de mágica, ele estava lá, reluzente e quase que me dizendo "Me vista, me vista!". Obedeci. Olhei-me no espelho novamente. e gostei do resultado.
Quem diria que aquele vestidinho azul de decote quadrado, que comprei apenas porque a cor era linda, me seria tão útil. Apressei-me a colocar um cintinho branco na cintura e uma sandália baixa, branca e com pérolas, nos pés.
A campainha tocou e, do quarto, pude ouvir minha mãe dizendo para minhas amigas onde eu estava. Elas vieram. Lara, Malu, Carla e Ana.
-Juuuu, vamos logo! O pessoal já está lá nos esperando!
-Claro, claro - eu disse, pegando minha bolsa que já estava preparada.
Dez minutos mais tarde estávamos chegando no prédio do namorado da Malu, o Paulinho, onde estava tendo uma comemoração, na sexta de carnaval.

A festa acontecia no terraço e a decoração não poderia ser mais colorida.
Quando as meninas estavam entretidas demais experimentando algumas máscaras que estavam sendo distribuídas, fui me apoiar no parapeito. Olhei para cima e as estrelas me pareceram dançar. Senti a paz que a brisa me trazia. 
Estranhamente, pensei no Pierrot que chora, apaixonado, pelo amor da Colombina. 
Estranhamente, pensei na multidão e nos infinitos amores que os próximos quatro dias provavelmente fariam os corações sentirem, e me doeu pensar que a maioria deles seria apenas ilusão.
Foi então que duas mãos taparam meus olhos e eu não precisei do clássico "adivinha que é?" para saber que era meu namorado, o garoto pelo qual eu era imensamente grata por tê-lo em minha vida e pelo qual eu tinha muito medo de perder.
Os dias que se antecederam ao carnaval haviam sido confusos e eu não sabia o que pensar em relação ao Léo. Mas antes que minha mente começasse a florear e criar situações absurdas novamente, ele me tomou pelas mãos, me girou e disse olhando dentro dos meus olhos: -Eu te amo, Juliana.
Então eu entendi. Entendi que ele também queria estar comigo, que ele também estava feliz ao meu lado.
E, por mais que namorar signifique abrir mão de muitas coisas que a liberdade oferece, um amor de verdade é muito mais importante que todas elas.
Enquanto estava abraçada com ele, mandei um pensamente positivo ao Pierrot.
"Talvez esse carnaval seja o seu carnaval, assim como será o meu."