quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Invisíveis certezas - Insônia e café, capítulo 1°




Primeira dica para você que tem prova no dia seguinte de manhã: não ingira cafeína. Eu tinha feito uma competição ridícula com meus amigos hoje, mais cedo, e agora pagava o preço disso.

Estou aqui sentado espalhafatosamente na cadeira do computador, com os olhos fixos na tela e se recusando a fechar. Minha mãe disse “Guilherme, saia desse computador, assim você nunca irá dormir mesmo!”, e ela provavelmente está certa, mas eu não quero me deitar. Algo me prende aqui.

Estou online no Twitter e as interações não param de chegar. Novos seguidores a cada atualização. Até que é legal, mas estranho. Estranho o modo como mesmo com todas essas pessoas falando comigo, eu me sinto sozinho. E eu não sei o porquê disso tudo. Isso das meninas ficarem me mandando replies e me fazendo ficar cada vez mais popular por aqui. Se eu ao menos cantasse, atuasse, ou qualquer outra coisa. Mas eu só sou um garoto de 17 anos, que não faz nada além de estudar, tentar descobrir o que quer do futuro, e trabalhar as terças e quintas no escritório de seu pai.

Vou até a cozinha ver o que tem pra comer, já que dormir não é uma opção. Volto para o quarto com uma fatia de pizza, sobra do jantar, e quando chego perto do computador, vejo um retweet de alguém que eu sigo que dizia: “É, as vezes você só não sabe o que esperar do futuro. Mas não preocupa não, amanhã você descobre.”

Não sei porque justamente ele me chamou a atenção. O nome da garota que o fez é Alícia, e eu fiquei interessado nela, porque aparentemente era muito bonita. Fui até o seu perfil. Ampliei a foto e constatei que era realmente linda. Tinha os cabelos um pouco abaixo dos ombros, cor de mel e os olhos eram dourados. Juro que quase me perdi neles. A boca estava aberta num meio sorriso, e eu me peguei desejando ser o motivo para um sorriso por inteiro dela.

Ah, qual é né Guilherme!? Deve ser essa insônia que está te deixando assim, todo meloso.

Eu juro que tentei sair da sua página, mas cliquei no botão “seguir”. Esperava que ela me seguisse também. Passei os minutos seguintes recarregando freneticamente a minha página de seguidores, e esperando ansiosamente o momento em que o nome dela aparecesse. Se é que isso iria acontecer.

Mas aí ela me seguiu. E eu automaticamente sorri. Será que ela iria falar comigo, me mandar alguma coisa? Não sei por que, mas eu duvido que ela o faça.

Eu fiquei nervoso, não dava pra saber o motivo. Tá, eu não sou nenhum pegador, mas as garotas não me deixam apreensivos. Eu me saio bem com elas. Essas coisas de chegar em uma menina nunca foi um problema para mim. Nem mesmo a conhecia e já estava cheio de minhocas na cabeça.

Tomei coragem – que até agora não sei por que precisei dela – e mandei um “oi” por Mensagem Direta, onde somente ela poderia ler. Esperava que fosse suficiente.

E agora eu sabia que não dormiria esta noite. Só que desta vez nada tinha a ver com a cafeína...



Pessoal, este é o primeiro capítulo do projeto Invisíveis Certezas que estou fazendo com a Amanda do blog 2% de você, onde contaremos a mesma história vista por ângulos diferentes. Ou seja, eu vou discorrer sobre o lado masculino dos fatos, e a Amanda o do feminino. Para ler a versão da Alicia sobre o primeiro contato do Guilherme e dela, clique aqui.



terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Verídico?



Por os pés no chão e me equilibrar. Devem ter sido esses os comandos dados pelo meu cérebro. Procurei os chinelos no escuro e acabei tropeçando em um ursinho que a Lilá deixou aqui. Provavelmente ela está dormindo no tapete do meu quarto. Só espero que eu não tropece também nela... Ah, só pra falar: Lilá é minha cadelinha. Vai que vocês pensam que é minha irmãzinha mais nova que sofre maus tratos e é posta pra dormir no chão?
Minha visão escureceu, acho que é porque levantei muito abruptamente. Não queria ter acordado, mas a escola precisava de mim. Era cedo demais... 
O dia anterior tinha sido maravilhoso. Realmente inesquecível, mesmo com todos os poréns. Acho que são justamente eles que não me deixarão esquecer. Mas sua presença não alterou em nada o fato de que eu amei o ontem. E amo ainda hoje.
As lembranças vão ficar, mesmo que os detalhes dos rostos e a exatidão de cada fala, de cada conversa se esvaiam de meus pensamentos.  Eu saberei que fui feliz ali. 
É, eu acabei tropeçando na Lilá. Ela latiu, minha mãe acordou e gritou comigo. O que fez acordar meu irmão que disse que queria dormir em paz. Meu pai, já despertado na cozinha preparando o café, pediu calmamente para Lilá parar de latir...

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Dentro.



Paredes. De acordo com o nosso querido amiguinho, o dicionário, parede é "tudo o que fecha ou divide um espaço".
Existe aquele ditado que as pessoas, desconfiadas, costumam citar: "As paredes têm ouvidos". Coitadas das paredes... Mas eu até entendo. As pessoas podem ser um pouco preocupadas de mais com a vida alheia. Prezadas paredes, entendam, não é nada pessoal. Vocês estão bem assim, sem nenhuma orelha aparente. Só cuidado com as pessoas, ok?
Tem também aquela gente que coloca parede no coração. Tipo uma cerca pra não deixar que o sentimento entre e saia. Esse é o pior tipo de bloqueio. Parede de concreto, madeira, gelo, barro, bambu, isso não importa. Paredes são paredes, muros são muros, e só servem para impedir contato.
Se a gente não tomar cuidado, quando nos dermos conta, haverá tijolos a nossa volta. E como já dizia Aristóteles, "O homem é um ser social. O ser capaz de viver isoladamente ou é um Deus ou é uma besta, mas não um ser humano".
Então, penso que é melhor deixar as queridas paredes para o nosso cantinho, onde elas são super bem vindas. E a gente pode descansar, pensar... entre elas. Mas nunca viver. Viver você faz quando abrir as portas e se deparar com esse mundão aí. As pessoas são maravilhosas de mais pra você ficar escondido...
Veja as paredes, só que pelo lado de fora.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Sentimentos para um objeto.


Eu prometi para mim mesma que dessa vez não escreveria sobre sentimentos.
Escreveria sobre outra coisa qualquer. Ainda não sabia.
Vasculhei em minha mente alguma palavra aleatória da qual eu pudesse fazer um escrito bacana. Tarefa difícil.
Pensei, pensei, pensei. Nada...
Eu não vou falar de sentimentos, não vou falar de sentimentos, não vou falar de sentimentos.

Quando vi, o novo documento do Word estava com a seguinte frase:
“Coisa: Tudo o que existe.”
Devo ter digitado sem perceber.
Será que eu iria escrever sobre “coisas”? Mas se coisa é tudo que existe, isso abrangeria também os sentimentos, certo? Apaguei a frase.
Olhei para minhas unhas recém pintadas de azul. É isso! Escreveria sobre as cores.
Mas a primeira ideia que me veio em mente foi:
“Cores tem significados, elas sempre lembram alguma coisa.”

E aí estava a “coisa” novamente. E o que me lembrava o vermelho? Exatamente. E eu não queria falar sobre sentimentos. Principalmente os meus. Nem mesmo escrevi frase alguma dessa vez.

Olhei para todos os cantos do meu quarto em busca de alguma inspiração. Vi um chaveiro de pimentas. Mas duvido que esse pequeno objeto me fizesse escrever mais do que três linhas que fizessem sentido.

Prendi o olhar em uma foto minha quando criança. Meu sorriso aberto mostrando meus dentinhos. Mas ao lado tinha uma outra foto minha, porém atual, e eu não quis escrever sobre isso. Comparar o tempo poderia me trazer sofrimento, os sentimentos mudaram. Não que eu não esteja feliz. É só que talvez a minha infância me trouxesse mais lembranças boas e não precisava ficar nostálgica agora. 

Olhei para o dicionário ao meu lado, me auxiliando nessa minha tarefa de agrupar frases com sentido. Ele tinha tantas palavras escritas nele, que acho que não precisaria de palavras minhas para se sentir melhor. Pensando bem, acho que ele não sente nada em momento algum.  E eu estou falando de sentimentos, não queria isso. Mesmo sendo as prováveis emoções de um dicionário.

Talvez ele não fosse tão auto-suficiente assim. Talvez eu escrevesse para ele. Talvez.
Isso ficou meio estranho. “O dicionário é uma coisa, Isabela! Ele não sente!”
Eu sei disso. Só não queria deixar de escrever.

E eu acho que de tanto não querer escrever sobre os meus sentimentos, acabei fazendo isso.
A coisa boa é que meus sentimentos não ficaram explícitos aqui. E toda essa confusão poderá servir de alguma coisa. Desculpe-me se isso ficou um tanto quanto embaralhado e sem nexo. Mas se é assim que me sinto, como poderia ser diferente?
Droga, acabei dizendo como estou!

Acho que não consigo mesmo escrever de uma maneira impessoal.
Espero que essas palavras não façam sentido algum á pessoa a quem eu realmente gostaria de ter escrito.
Talvez o dicionário pense que esse texto seja pra ele, e fique feliz.
Aproveite a leitura, dicionário. Aproveite esses meus sentimentos...

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Apaixonada Por Palavras.

Oi pessoal! Tudo bem com vocês?
Hoje me deu uma vontadezinha de postar uma crônica de um "textualizador" famoso. Aí, eu logo pensei na Paula Pimenta. Ela, pra quem não sabe, é aqui de Minas, ama música e escrever. É muito querida entre seu público, principalmente jovem, mas a leitura de seus livros atrai todo aquele em busca de uma boa forma de passar o tempo. Seu jeito de escrever prende a atenção de uma maneira que quando você vê, já acabou a história. E fica triste por não ter mais páginas para desfrutar.
Escreveu um livro chamado Confissão, onde agrupou alguns de seus poemas, os quatro livros da série Fazendo Meu Filme - que eu li e super recomendo -, o primeiro da coleção Minha Vida Fora de Série - e já está escrevendo a continuação - e o livro "Apaixonada por Palavras" que eu também já li. Neste último, Paula faz uma coletânea de crônicas que juntas, formam 158 páginas de uma escrita leve e jovial.
O nome do texto que vou postar é justamente aquele que deu o nome ao livro: Apaixonada por Palavras.
Eu acho está crônica incrível e descreve tudo o que sinto.


Essa é a Paula, mostrando o livro.
“Odeio cantadas. Flores não me seduzem. Chocolates então, nem pensar. O que me comove são palavras. No caminho de casa, passo por uma pista de cooper onde têm barras e aparelhos de ginástica. Em qualquer hora do dia ou da noite, rapazes de se fazer inveja aos galãs globais puxam ferros, correm mais do que para tirar a mãe da forca, levantam pesos, malham até o dedão do pé. Ao lado deles, garotas soltam suspiros para cada flexão de braço, lançam exclamações para cada bíceps trabalhado, fazem votação para definir qual peitoral é o mais sarado. Deixo tudo para elas. Tais rapazes não merecem um segundo olhar meu. Para mim, músculo em excesso é inversamente proporcional à inteligência.
Fim de semana. Depois de muita insistência, aceito o convite das minhas amigas para ir dançar, mesmo sabendo que me arrependerei. Lugar dos infernos. Quente, barulhento, enfumaçado. E ainda por cima tenho que escutar aquela mesma frase: “E aí, gata, vem sempre por aqui?”. Fico na dúvida entre vomitar, sair correndo ou fingir que sou surda. Outra situação: O moço é lindo. Toca violão. Minha família gosta dele. Já estou quase convencida de que é minha alma-gêmea. E então ele me manda um cartão: “Não me canço de te olhar”. É, querido, vai ter que olhar para o outro lado. Cansada estou eu de quem não sabe escrever nem em português.
Mas por que eu sou tão viciada em palavras? Por ter crescido lendo enquanto minhas amigas brincavam de pique-esconde? Por minha primeira paixão ter sido o Cebolinha, nos gibis da Turma da Mônica? Por amar poesia desde que nasci? Não sei. O fato é que me desperta curiosidade quem sabe escrever o que pensa. Garotos que escrevem bem têm um charme diferente. Suas palavras me acariciam de tal forma, que se tornam vitais para minha sobrevivência. Se eles têm tanto cuidado com a escrita, imagine o carinho que teriam comigo… Ah, os homens que sabem escrever! Alguns conseguem ser tão sinestésicos, que chego a perceber a voz deles por entre as linhas.
Os que mais me impressionam são os que adivinham meu pensamento, mesmo sem me conhecer. É indescritível a sensação de ler um texto e me identificar totalmente com as palavras do escritor. É como se ele tivesse roubado a ideia que eu ainda não havia tido, mas que já existia em mim. Emocionante perceber, na medida em que meus olhos vão descendo por sobre o texto, que existe alguém que pensa exatamente como eu. Infelizmente, a recíproca não é verdadeira. O sexo masculino, no geral, ainda se sensibiliza mais com um corpo esculpido do que com a forma que as escritoras dão às suas frases.
No dia em que eu encontrar um que se importe mais com o que eu escrevo do que com a minha embalagem, eu me caso. Desde que a proposta seja feita por escrito. E que por trás daquelas palavras, existam óculos em vez de músculos.”



Sigam a Paula no twitter, onde ela mantém contato com seus fãs: @paulapimenta. Já me respondeu umas 7 vezes, que orgulho <3  HAHA.
Bom queridos leitores, é isso. Espero que tenham gostado do post, comentem aí.
Beijos em todos, até a próxima!



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Assoprando as velinhas.



E mais um ano se passou. 
Não é como se fosse a virada de ano, Réveillon. É uma coisa mais pessoal, sabe?
E mesmo que muitas pessoas façam aniversário no mesmo dia que você, no mundo todo, você se sente especial.
Há ainda aqueles que não gostam do dia em que se soma um ano a mais na vida. Por algum trauma, medo de ficar mais velho, ou simplesmente por não gostar mesmo. 
Mas eu sou o oposto. Realmente amo esse dia do ano. Cada abraço e sorriso sincero que é dado me traz uma paz, que a própria pessoa que me parabenizou não entende. Isso é o que eu acho mais incrível e sensacional. O fato de que o bem quando é verdadeiramente compartilhado, só quer que a outra pessoa seja feliz. Ele é tão leve e fresco, que te faz sentir a maior alegria do mundo!
De verdade mesmo? Amo receber abraços. A sensação é ótima.
Esses dias me deixam extremamente satisfeita e completa.
Os amigos, familiares... E melhor ainda é quando uma pessoa estranha a você, te deseja um Feliz Aniversário. 
Tudo te preenche. É mágico poder saber que se está um ano mais experiente. 
E só o que você deseja é poder sonhar. E trazer toda a fantasia desses sonhos para a vida real. Fazendo assim cada dia, um novo recomeço. E o recomeço mais lindo que possa existir!