Primeira dica para
você que tem prova no dia seguinte de manhã: não ingira cafeína. Eu tinha feito
uma competição ridícula com meus amigos hoje, mais cedo, e agora pagava o preço
disso.
Estou aqui sentado
espalhafatosamente na cadeira do computador, com os olhos fixos na tela e se
recusando a fechar. Minha mãe disse “Guilherme, saia desse computador, assim
você nunca irá dormir mesmo!”, e ela provavelmente está certa, mas eu não quero
me deitar. Algo me prende aqui.
Estou online no
Twitter e as interações não param de chegar. Novos seguidores a cada
atualização. Até que é legal, mas estranho. Estranho o modo como mesmo com
todas essas pessoas falando comigo, eu me sinto sozinho. E eu não sei o porquê
disso tudo. Isso das meninas ficarem me mandando replies e me fazendo ficar
cada vez mais popular por aqui. Se eu ao menos cantasse, atuasse, ou qualquer
outra coisa. Mas eu só sou um garoto de 17 anos, que não faz nada além de
estudar, tentar descobrir o que quer do futuro, e trabalhar as terças e quintas
no escritório de seu pai.
Vou até a cozinha ver
o que tem pra comer, já que dormir não é uma opção. Volto para o quarto com uma
fatia de pizza, sobra do jantar, e quando chego perto do computador, vejo um
retweet de alguém que eu sigo que dizia: “É, as vezes você só não sabe o
que esperar do futuro. Mas não preocupa não, amanhã você descobre.”
Não sei porque
justamente ele me chamou a atenção. O nome da garota que o fez é Alícia, e eu
fiquei interessado nela, porque aparentemente era muito bonita. Fui até o seu
perfil. Ampliei a foto e constatei que era realmente linda. Tinha os cabelos um
pouco abaixo dos ombros, cor de mel e os olhos eram dourados. Juro que quase me
perdi neles. A boca estava aberta num meio sorriso, e eu me peguei desejando
ser o motivo para um sorriso por inteiro dela.
Ah, qual é né Guilherme!? Deve ser essa insônia que está te deixando assim, todo meloso.
Eu juro que tentei
sair da sua página, mas cliquei no botão “seguir”. Esperava que ela me seguisse
também. Passei os minutos seguintes recarregando freneticamente a minha
página de seguidores, e esperando ansiosamente o momento em que o nome dela aparecesse.
Se é que isso iria acontecer.
Mas aí ela me seguiu.
E eu automaticamente sorri. Será que ela iria falar comigo, me mandar alguma
coisa? Não sei por que, mas eu duvido que ela o faça.
Eu fiquei nervoso,
não dava pra saber o motivo. Tá, eu não sou nenhum pegador, mas as garotas não
me deixam apreensivos. Eu me saio bem com elas. Essas coisas de chegar em uma
menina nunca foi um problema para mim. Nem mesmo a conhecia e já estava cheio
de minhocas na cabeça.
Tomei coragem – que
até agora não sei por que precisei dela – e mandei um “oi” por Mensagem Direta,
onde somente ela poderia ler. Esperava que fosse suficiente.
E agora eu sabia que
não dormiria esta noite. Só que desta vez nada tinha a ver com a cafeína...
Pessoal, este é o primeiro capítulo do projeto Invisíveis Certezas que estou fazendo com a Amanda do blog 2% de você, onde contaremos a mesma história vista por ângulos diferentes. Ou seja, eu vou discorrer sobre o lado masculino dos fatos, e a Amanda o do feminino. Para ler a versão da Alicia sobre o primeiro contato do Guilherme e dela, clique aqui.