Você me disse que eu nunca tinha escrito nada à você. Argumentou que até mesmo o texto que um dia te dei, era uma história inventada, mais uma saída do mirabolante mundo que chamo de Minha Mente.
Provavelmente, isso é algum tipo de deficiência minha. Pensar que as palavras são tão importantes a ponto de não desperdiça-las com qualquer um. Esperar até o último segundo até ceder à tentação de deixar as mãos correrem soltas no papel. Não que as palavras não sejam importantes, elas são. O problema é não querer deixá-las passar de mim pra você.
Tanto reprimi que acabou passando. Mas era tarde de mais. E aí, era você quem não estava mais interessado nos meus escritos. Então se iniciou uma nova fase, em quem eu rascunhava para você e, ao me perguntarem para quem era, dizia que era um conto fictício, feito apenas para matar meu tempo de sobra. Irônico não é?
Sabe o que é mais engraçado? Eu ficar presa às palavras que escrevi - ou não escrevi - à você, e não conseguir iniciar em uma folha nova. Mesmo tentando, e tentando, e tentando... Sempre vem à mente a possibilidade de tudo ter sido diferente se eu apenas fizesse um esforço e te escrevesse. Nossa Isabela, será que era tão difícil assim pegar uma caneta e fazer sair dela algumas frases?
O problema era: pegar uma caneta, fazer sair dela algumas frase e logo em seguida constatar que você ainda estaria ao meu lado. Porque eu sentia que não estaria. Palavras são como sentimentos, uma vez escritas -ou demonstrados - não te pertencem mais.
O medo de sair machucada era grande de mais para te dar o gosto de ler o que escrevi. Infelizmente, isso não me impossibilitou de estar sempre pensando em você.