quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Nostalgiando




Eu estou com saudade de uma coisa que ainda tenho, porém é certo que vou perdê-la. Isso é normal, né?

Já estou sentindo falta do café que tomo todo dia, feito pelo meu pai e que é o melhor dessa galáxia toda. Aquele café que ele insiste em querer me fazer trocar por um copo de leite. "É mais saudável, Belinha", ele diz. Mas não há como, eu simplesmente não posso desperdiçar esse café. Só isso. 
E - ai meu Deus! - como eu vou viver sem ver a serra todo dia ao acordar e reclamar por ainda ser tão cedo? E nas noites de verão, com a chuva marcando presença e o coaxar dos sapos irritando minha mãe e eu achando graça disso tudo? Como dormir sem esse barulho?
Vou sentir saudades das tardes/noites de jogo do Flamengo, em que é quase palpável a emoção da expectativa pelo gol. 
Penso que será doloroso não ter o mesmo lugar para guardar os meus livros, todos milimetricamente arrumados. E aquele velho costume de retirá-los com cuidado, limpá-los, cheirá-los, abraçá-los, recolocá-los no lugar, e enfim admirar toda a beleza da minha pequena coleção. Posso até mesmo imaginar vários coraçõezinhos sobre eles. 
Eu vou sentir falta da ansiedade vindo e pesando sobre o corpo, e quando finalmente ela passa, o esquecimento toma conta de uma forma tão leve e serena, fazendo um sorriso brotar.
Aposto que vou ficar recordando das vezes em que me sentei no chão da varanda pra ficar um pouco com meus cachorros. Uma tarefa que consistia em conseguir colocar os três no colo, ao mesmo tempo que tentava não deixar eles chegarem perto de mais um do outro, e falando pra eles pararem de rosnar, porque tinha espaço pra todo mundo. No final, eu sempre fico cheia de pelos e eles um em cada canto brincando aleatoriamente. 
Não vai ser fácil se acostumar com a ausência da mamãe rindo de forma tão natural quando eu e meu irmão fazemos alguma bobeira sem graça. 
Mas todos temos que crescer, não é? Criar asas, voar pra longe, se descobrir e descobrir o caminho certo a trilhar. Quebrar a cara, ver que não era aquele. Voltar, recomeçar e então, acertar. Não necessariamente recomeçando apenas uma vez. 
O que eu aprendi é que não podemos ter medo, pois temos tão pouco tempo aqui na Terra que é até pecado desperdiçar esse presente que Deus nos deu, tendo receio de realizar nossos sonhos.
Ninguém pode viver por ninguém. A vida vai passando e se transformando nos moldes que a gente der a ela.
Saudades? Vou sentir muitas. Mas eu tenho absoluta certeza de que cada momento faz parte de mim, eles nunca me deixarão. Tudo o que importa é o daqui pra frente. E se eu não aproveitar... Ah, aí sim eu vou poder me lamentar.



quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Pensamentos com cinco pontas


Inclinei minha cabeça para cima e contemplei a falta de estrelas no céu, naquela noite fria. 
O ar fresco inundava meus pulmões, me fazendo sentir inexplicavelmente livre, e tudo pareceu mais fácil. Pude ouvir o coaxar dos sapos ao longe. Eles já não me incomodavam tanto. 
Senti a presença dos meus cachorros logo ali na varanda, e ouvi sua respiração confortável e serena. O calor emanado daqueles pequenos seres me deixava mais alegre, um tipo de felicidade daquelas simples e fáceis. Esse tipo é o melhor, porque enche o coração da gente e, ainda que a sensação seja de que o coração pode explodir a qualquer momento, ela traz paz. 
Estranhamente senti o cheiro de tulipas. Fechei os olhos e imaginei um campo repleto das minhas flores preferidas. 
Quando abri os olhos novamente, as estrelas ainda não estavam ali. 
Onde andariam elas? Talvez cansadas de mais para ficar ali paradas na imensidão escura, ou chateadas por fazerem um espetáculo tão belo e a maioria dos espectadores aqui em baixo não lhes dar a atenção merecida. Quem sabe ainda com cartazes nas mãos, reivindicando melhores condições de trabalho para quem tem que ficar a noite toda acordada? Às vezes só estavam cumprindo seu papel de ter culpa no livro mais famoso de John Green. Ou a ausência delas seria apenas um sinal de que pudesse chover no dia seguinte.
Engraçado eu pensar nisso agora, mas talvez se eu conseguisse conversar com elas... Não sei, só pra passar o tempo e me distrair um pouco. Seria uma espécie de alívio poder concentrar todos os meus esforços em só falar com as estrelas. Minha mente se focaria nisso e os pensamentos esgotantes sairiam pela válvula de escape. 
Mas, pensando bem, para onde eles iriam? Todos os meus pontos de interrogação, exclamação, reticências, vírgulas, coraçõezinhos (aqueles que vieram me fazer companhia ultimamente) e até mesmo os pesarosos pontos finais que tinham como morada meu cérebro, onde eles iram parar?
Talvez eles virassem estrelas e eu conversaria com eles uma noite dessas. 
O que, no final, se mostraria um trabalho inútil, já que funcionaria como um círculo vicioso onde tudo o que eu penso voltaria, "estelarmente" ou não, para mim. 
E, bom, eu não acho que deva reclamar disso. Porque imaginar minha cabeça num vácuo completo, onde era antes um lugar habitado por sonhos, fantasias e histórias cheias de amor, me faria desejar que ao menos um medozinho ou paranoia estivesse ali para me fazer companhia.
É, não se pode julgar as estrelas por querer dar uma volta de vez em quando.



terça-feira, 8 de outubro de 2013

Não sou eu.



Não sou eu, não é por mim.

Isso vai muito além.
Caminha por trilhas já desbravadas, porém desconhecidas, só pra saber qual é a surpresa ao final dela, e se os olhos se acostumarão ou não com a extrema luminosidade da clareira, depois de tempos na escuridão presenciada entre as árvores, com seus troncos altos e suas copas escondendo o céu.

Não, isso vai muito mais longe.
Atravessa um oceano inteiro a nado, pra poder sentir a sensação de pisar novamente em terra firme, e quanto tempo os pés demorarão para se readaptar. Pois a água tirará todo o equilíbrio.

Isso tudo independe apenas de mim.
Os clichês que pairam sobre esse assunto nunca me saciaram e me fizeram acreditar ou aceitar, muito menos que eu não quisesse descobrir por mim mesma.

Isso não seria por mim.

Ou não.

Talvez eu esteja errada. Talvez seja tanto por mim, e essa minha autossuficiência esteja me cegando fazendo com que a confusão se torne ainda maior.

Vai ver eu tô precisando dar uma andada numa trilha escura, praticar minhas aulas de natação com destino à Inglaterra... Só não digo pular de paraquedas sem um, porque aí já seria exagero. E isso não dependeria só de mim.


sábado, 21 de setembro de 2013

Aceitar



Ei, vai com fé. Você vai conseguir. E não esquece de voltar e me contar tudo depois, porque eu torço por ti.
Torço pra que todos os seus sonhos se realizem, até aqueles mais bobos, aqueles que me fizeram sorrir e pensar: só poderia ter vindo dessa cabeça mesmo... 
Você é especial, e não é preciso que eu diga isso para ser verdade. Você não precisa de mim. 
Não sei se digo você não precisa MAIS de mim, porque talvez nunca tenha precisado. E minha mente fantasiado tudo isso. Tudo bem, não seria a primeira vez.
Eu só queria dizer mesmo que tá tudo bem. Que eu todas as pessoas merecem ser felizes. Que todo mundo tem uma chance na vida.
E que o tempo SEMPRE vai passar e levar consigo o que não se perpetuou em nossa vida. E pronto, não quero mais falar. Porque hoje eu percebi uma coisa. As palavras às vezes não são o que parecem. Um "até mais" pode virar um "tchau" muito facilmente. 

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Blá, blá, blá




Se tem uma coisa da qual eu não sofro é a síndrome do "nem sei o que dizer".
Em nenhum momento - bom, pelo menos até hoje- as palavras não me deixaram na mão.
Isso provavelmente se deva ao fato de que sou uma tagarela nata. Sim, eu admito isso. Agora imagine essa cena, de começar a falar e não conseguir parar nunca mais, sem descanso. Acho que eu seria abduzida por habitantes de um planeta onde as pessoas falam muito, pois as pessoas daqui se encheriam de mim. Deve existir um planeta assim, ou talvez apenas na minha imaginação. Provavelmente lá ninguém entende ninguém e todos vivem com dor de cabeça.
Nunca me imaginei dizendo a famosa frase "Estou sem palavras". Talvez ainda aconteça algo que me faça ficar realmente paralisada e momentaneamente muda. Porém, até mesmo numa situação dessas, eu possa soltar qualquer baboseira que me venha a mente, porque é sempre assim que acontece comigo.
É um martírio para mim ficar ao lado de uma pessoa sem dizer nada. Eu sempre vou tentar puxar um assunto qualquer. Porque para mim não há coisa melhor do que compartilhar palavras. Eu simplesmente não saberia viver sem elas.
Na verdade, eu não ache que elas fujam de ninguém. As pessoas é que não sabem muito bem onde elas se encontram, às vezes. Sempre há o que dizer. Sempre mesmo... Qualquer palavra é palavra, qualquer sorriso é sorriso. E quando os dois vêm junto então...
Enfim, eu só queria escrever mesmo sobre essa minha mania de falar, e de fazer isso com uma frequência quase - ou totalmente - irritante.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O conto do amor - parte 4, e última.

Gente! Eu tô ótima e vocês?
Primeiramente gostaria de agradecer a todos vocês que leem o Textualizando a Vida. Amo vocês cara, sério. Eu tô um pouco sentimental, porque não consigo parar de escutar a música do Leoni, Melhor pra mim (escutem e me digam se uma lágrima não ameaçou brotar do seu olho), e também porque aconteceu uma coisa muito, muito, muito legal hoje. Eu sei que tô falando muito, já vou parar, mas AHHHHHH eu tô feliz!
Tá bom, já respirei. Calma, Isabela, calma. 
Pessoal, desculpa por isso. Eu vim aqui hoje para postar a última parte do conto O nome do amor. Espero que vocês gostem do desfecho da história do Lucas e da Laura. Muito obrigada por tudo, de verdade. Se eu pudesse falaria em todos os posts o quanto vocês são importantes para mim. Como ficaria muito cansativo, tô falando agora: vocês fazem a minha vida muito mais legal. 
Antes de ler, leia a parte 1, parte 2 e parte 3.
Sem mais delongas, o começo do fim:



Quando todos chegaram, um pouco mais tarde, eu estava na sala assistindo TV. Ester estava simplesmente elétrica.
-Garota, onde você estava? – ela pegou meu braço e foi me puxando para o quarto – preciso te contar tantas coisas!
-Eu também – disse eu, inacreditavelmente animada.
-Você primeiro!
Contei tudo a ela. Desde os bombons ontem, até a hora que me deixou em casa, hoje.
-Acho que alguém está apaixonada! – ela cantarolou.
-Por que será que eu sabia que você ia dizer isso?
-Por que eu sempre tenho razão?
Eu fiz uma careta.
-Agora sua vez.
Ela me contou sobre quando estava fazendo as aulas, quando entrou um garoto novo, que não estava ontem. Me disse que ele começou a conversar com ela, então eles saíram antes de terminar a aula, para conversarem melhor. O nome de era Vitor e estava com a família de um amigo. “E o melhor de tudo é que ele também é do Rio de Janeiro!”- disse ela. Depois, o garoto disse a ela que só tinha começado com as aulas por sua causa, então ela lhe deu um beijo.
Ester parecia muito feliz.
Ela ainda não tinha terminado quando o meu celular tocou. Pedi um minuto a ela e atendi. Era o Lucas.
Quando desliguei, Ester já ia continuar me contando sobre seu dia.
-Ester, esse Vitor é o amigo do Lucas. Ele acabou de me ligar e disse que o Vitor está contando sobre você pra ele e ele sacou na hora que a amiga que você disse era eu.
-Não acredito!
-Pois é!
Começamos a pular na cama e a gritar.
Ela terminou de me contar e passamos o resto da noite falando sobre como a vida é linda.
O Lucas me ligou hoje cedo, perguntando se eu não queria fazer alguma coisa. Eu o convidei e ao Vitor para virem aqui em casa, conhecer meus amigos porque estavam cansados por causa do surf e decidiram fica em casa na parte da manhã. Eles aceitaram e acabaram almoçando aqui com a gente.
Depois, fomos a praia e fizemos meio que um luau lá. Cantamos até tarde da noite. Foi muito divertido.
Durante o resto da semana eu e ele fomos á pontos turísticos, como elevador Lacerda, Farol da Barra. Visitamos algumas praias, lindas. O Vitor e a Ester ficaram mais com minha turma mesmo.
Foi muito bom quando Lucas me levou para conhecer sua família. Seus pais são ótimos e seu irmão Alan é apaixonante. Até fizemos alguns programas juntos. Almoçamos, fomos à praia, à feiras de artesanato, shows de capoeira... Eu me senti acolhida por eles.
Infelizmente a estadia deles aqui estava acabando. Daqui dois dias eles iriam embora e eu ainda tenho uma semana toda pela frente.
Ester estava desolada. Sete dias pareciam-lhe o mais doloroso martírio.
Não queria me separar do Lucas, mas me agarrei ao fato de que dali a alguns dias eu iria estar com ele novamente.
Passamos mais um dia juntos e então uma noite antes dele ir, nós fomos olhar o mar.
Ele pegou em minhas mãos, olhou em meus olhos e disse:
-Laura, não quero que termine. Para mim não foi um amor de verão.
Eu estava com lágrimas nos olhos.
-Para mim também não.
-Esses foram os melhores dias da minha vida porque os passei ao seu lado.
-Eles foram muito especiais para mim também. Olha, eu sei que fui um pouco dura no começo, mas não sabia que podia me sentir tão bem ao lado de alguém como me sinto ao seu.
-Foi esse seu jeito que me fascinou tanto, desde o começo.
Eu sorri.
-E esse sorriso...
Eu olhei em seus olhos e não tive dúvida da frase que diria:
-Eu te amo.
A luz da lua cheia que fazia naquela noite pareceu iluminá-lo. Ele irradiou felicidade.
-Eu te amo, muito.
Nos beijamos.
-Laura, tenho que fazer uma coisa.
Ele enfiou a mão no bolso de sua bermuda e pegou um bombom.
-Abra – pediu ele.
Eu abri e tinha junto com o chocolate, um bilhete.
“QUER NAMORAR COMIGO?”
-Sim, sim, sim!
O abracei e ele me girou em seus braços.
-Posso te contar um segredo? – ele perguntou.
-Claro!
-Eu usei seu nome para uma coisa.
Fiquei intrigada.
-Que coisa?
-Dei seu nome ao meu amor.
A despedida foi difícil. Combinamos que eu não iria vê-lo amanhã cedo antes de ele partir. Não queria ter que me ver dando tchau ao longe, observando minha imagem ficando cada vez menor no horizonte através do vidro traseiro do carro, como acontece nos filmes.
Uma semana se foi e eu passei meu tempo entre consolar a Ester, aproveitar os amigos, já que eu não tinha ficado muito com eles, e conversar com o Lucas por telefonemas ou mensagens de texto.
Fomos embora todos com grandes sorrisos nos rostos e pensando no quanto essa viagem foi boa para nós. O tempo que passei com meus amigos iria ficar para sempre guardado em meu coração. Aprendemos de mais na escola, e uma das grandes coisas que ela nos oferece, com certeza, é a amizade.
Nos fomos de avião, então foi bem rápido.
Tinha combinado com o Lucas de ele ir lá em casa mais tarde, já que não ia poder vir ao aeroporto porque está fazendo um trabalho para as notas finais na escola.
Fui á esteira das bagagens e depois, me encontrar com minha família. Durante todo o tempo que fiquei lá, falei com eles todas as noites pelo telefone. Estava morrendo de saudades das manias irritantes da minha mãe e do meu pai tentando fazer piadinha com garotos que achava que eu pudesse estar interessada, quando na verdade sempre torceu para que eu não arrumasse ninguém. Minha família me completa e agradeço à eles infinitamente por sempre terem me apoiado e me mostrado os melhores caminhos, sem percorrê-los por mim.
Abracei-os muito forte quando cheguei perto e prometi para mim mesma que nunca os decepcionaria.
Foi quando escutei uma voz atrás de mim e não precisei me virar para ver quem era.
-Olá, garota sem nome.




Epílogo:

Percebi que o que a Ester queria me dizer não era que eu necessariamente teria que ter um namorado, mas que a gente precisa de amor para ser feliz. Eu tinha da minha família e dos meus amigos e era muito feliz, de verdade. Mas quando se tem um tipo de amor daqueles que te fazem perder o chão, sonhar acordado, crer no impossível, aceitar as diferenças, e viver plenamente, você descobre o significado do que é realmente estar com o coração a mil. Um tipo de amor desses que eu sinto pelo Lucas e ele sente por mim. Sei disse porque vejo em seus olhos. E é em cada pequeno gesto de carinho, nas simples coisas da vida, que estão os mais puros sentimentos. E em cada vez que ele me diz “Eu te amo” eu tenho certeza que é de verdade.
Eu não sabia o que aconteceria dali por diante, mas estávamos felizes, um recebendo o amor do outro e isso já bastava. Um amor que começou numa tarde de verão quando eu não quis revelar meu nome...

domingo, 4 de agosto de 2013

Anteontem


Dia desses ouvi uma piada muito engraçada, e quase explodi de tanto rir.
Dia desses fiz limpeza de pele, e doeu bastante.
Dia desses estava caminhando pela rua, pensando em tudo o que ainda está por vir. Fiquei confusa e parei de pensar.
Dia desses tirei uma foto do meu primo menor que me deixou com vontade de mordê-lo. Eu o fiz, e ele chorou.
Dia desses desejei que chovesse chocolate. Mas aí lembrei que muitas pessoas ficariam diabéticas e retirei o pedido, porque vocês sabem, o que desejamos geralmente acontece.
Dia desses comi um arroz tão bom, mas tão bom que quis comer apenas aquilo para o resto da vida. Eu enjoaria, então decidi comer só as vezes mesmo.
Dia desses conversei com as minhas amigas. Talvez "conversar" não seja uma palavra apropriada. Rimos mais que qualquer coisa.
Dia desses ouvi uma música. Ela era tão perfeita, sua melodia tão incrível, mas,inexplicavelmente, eu não conseguia decorar a letra. Talvez seja porque meus ouvidos não prestassem realmente atenção à canção, e sim no que ela despertava em mim.
Dia desses li um livro. E então eu não consegui parar de pensar no quanto aquele final havia mudado minha vida. Foi difícil começar uma nova leitura...
Dia desses eu me deitei para dormir. Mas isso foi a única coisa que eu não fiz. Você sabe, dormir...
Dia desses senti frio. O que me fez sentir saudade do calor. Principalmente na hora de tomar banho.
Dia desses meu irmão fez aniversário. É bom ter um irmão. Pra roubar a sua bala, sorrir pra você, e tal.
Dia desses eu quis escrever. Eu fiz isso, mas não gostei do resultado. Ficou muito pessoal.
Dia desses eu fiquei com dor nos olhos. Eu agradeci por ter um par deles e poder ver tudo. Tudo.
Dia desses mesmo, eu nasci.
Dia desses, eu estou vivendo.


terça-feira, 30 de julho de 2013

O nome do amor - 3° parte

Oi pessoal! Estou aqui hoje para postar a terceira parte do conto O nome do amor. Estão ansiosos para saber mais sobre a história da Laura e do Lucas? 
Para quem não está entendendo nada do que estou falando, leia primeiro a parte 1 e a parte 2.
Gostaria de pedir para que deixassem a opinião de vocês como comentário.
Sem mais delongas (HAHA), espero que gostem. <3





-Bom dia!
Lucas estava com uma bermuda verde-seco, uma camiseta branca e chinelos pretos. Foi a primeira vez que realmente reparei nele. Tinha o cabelo castanho curto, olhos também castanhos profundos e intensos. Ele sorriu quando cheguei perto e seu sorriso era lindo. Era forte, mas não a ponto de se parecer que tomava algum tipo de anabolizante. Ele era bonito, conclui.
-Oi, bom dia!
-Seus amigos já foram?
-Não, os meninos estão esperando as meninas se arrumarem.
Ele riu.
-Não entendo. Elas vão apenas surfar!
-O que não é motivo para não ficarem bonitas.
Fomos á uma cafeteria que ele disse ter visto no caminho para me buscar.
Nos sentamos e pedimos dois mistos quentes e dois sucos de laranja.
-Você está linda – ele disse assim que a garçonete saiu com nossos pedidos. Eu estava com um vestidinho bege, cabelo solto, tiara na cabeça e uma rasteirinha gladiadora de tiras de couro. Nada de mais.
-Obrigada, você é muito gentil – pensei mais um pouco e disse: - Você também está muito bonito.
Sorri e abaixei os olhos.
-Espero que não tenha dito só por educação – ele disse, meio envergonhado.
-Não costumo seguir regras de etiqueta, lembra?
Ele fingiu estar tentando se recordar, sorriu e disse:
-Bom, então obrigado.
Olhei em volta, o lugar não estava cheio. Era aconchegante.
Suas mesas brancas e impecavelmente limpas, suas cadeiras marrons, e seu piso de madeira.
-Ontem quando cheguei em casa a primeira coisa que o Vitor, meu amigo, me perguntou foi ‘e aí, qual é o nome dela?’
-Sério?
-Sim, ele me viu conversando com você na praia quando fui buscar a bola e me obrigou a contar para ele o que eu tinha te dito que você saiu sem nem olhar para trás. Comentei que você se recusou a dizer seu nome. Então quando me viu indo te encontrar ontem de noite, presumiu que tivesse descoberto.
-Então você disse que me chamo Laura – conclui.
-Na verdade, não. Tive tanto trabalho para descobrir que me sentiria meio enciumado se contasse para ele. Hoje eu satisfaço sua curiosidade.
 Eu sorri.
-Não me parece certo.
-Foi exatamente isso que pensei quando me negou dizer como se chamava, ontem.
A garçonete chegou com nosso café da manhã.
A comida estava muito boa, para falar a verdade.
-Então você veio com seus pais e seu amigo?
-Sim, e meu irmão mais novo de oito anos, o Alan.
-O Vitor não ficou chateado por você tê-lo deixado para vir ficar com uma estranha? –perguntei.
-Não é mais uma estranha, já sei seu nome agora. E não, ele é bem chegado com minha família. Somos amigos desde muito pequenos.
-Sim, minha melhor amiga Esther também.
-Mas e você, tem irmãos?
Terminei de adoçar meu suco.
-Sim, Isadora de 27 anos. Ela mora no Canadá agora, conheceu seu marido aqui e ele é de lá, então...
-Você tem vontade de ir morar fora do país também?
-Não, eu gosto de mais aqui do Brasil.
-Que bom – ele pareceu aliviado. Não consegui segurar o riso, porque ele realmente parecia feliz por eu não querer ir morar no exterior. Foi sincero, e isso é uma grande qualidade.
Terminamos de comer e ele não me deixou pagar minha parte.
Lucas me convidou para ir à praia. “Sei que você não é muito disso, mas não precisa me mostrar nenhuma técnica de mergulho para entrar um pouco na água”. Eu contei á ele sobre o porquê de eu não querer fazer a aula de surf.
Eu aceitei. Passamos em casa e eu vesti meu biquíni.
Passamos um tempo na água, jogamos bola, almoçamos, Conversamos sobre muitas coisas. Eu contei a ele sobre meus amigos, Ester principalmente e ele me contou sobre sua amizade com o Vitor. Era fácil conversar com ele. Até tentamos encontrar a família e o amigo dele que disseram que estariam na praia, mas não conseguimos. No final, tínhamos nos divertimos muito.
Já eram quase 5 horas quando eu disse que precisava ir. Não achei que seria muito legal se chegasse de noite em casa, eu nem tinha avisado o pessoal. Apenas falei, quando saí de casa de manhã, que eu ia sair com um amigo e encontraria com eles mais tarde. Não planejava passar o dia todo com o Lucas. Acho que eles já até estavam preocupados.
Ele me levou até em casa e então, nos beijamos. Não foi forçado, ele não tentou criar nenhum clima. Foi natural, e lindo.
Lucas pegou minhas mãos.
-Laura, eu gostei muito de passar o dia com você.
Novamente, não sabia o que dizer. Eu não sou desajeitada apenas no quesito esportes, romance não é minha área.
-Eu também, de verdade. Obrigada por tudo.
-Gostaria de me ver amanhã?
-Se você não se cansou de mim.
Ele olhou em meus olhos.
-Nunca.
Eu pude ver o sentimento em seu olhar.
-Nos vemos amanhã.
Nós trocamos os números de nossos celulares e nos despedimos.
Assim que entrei em casa, vi que estava sozinha. Me arrependi de ter vindo embora, seriam alguns momentos a mais que eu poderia passar com ele. O pessoal devia estar na praia ainda.
Tomei um banho, comi um lanche na cozinha e fui para o meu quarto. Me deitei na cama e repassei mentalmente o dia de hoje.

“É Laura, seu coração está encrencado” – pensei.

domingo, 28 de julho de 2013

Incompleto/indefinido



-Bel, a campainha tá tocando! - grita a mamãe da cozinha.
-Tudo bem, já vou! - grito de volta da varanda.
Essa história de gritos não é nada bacana. Se ela escutou, por que não foi atender?
Tiro Hassan de cima do meu colo, onde ele estava confortavelmente aninhado e o coloco em cima da cadeira. Não adianta, ele se levanta e me segue pelo entorno da casa.
-Quer vir comigo bebê?
Por que as pessoas, principalmente as garotas, tem essas mania de falar com seus cachorros como se fossem nenéns? Não sei, mas não paro de fazê-lo.
Abro o portão e então...
-Oh!
Tampo a minha boca. Que idiota Isabel! Soltar uma interjeição de susto? Patético até mesmo para você.
João sorri, enquanto está parado, com uma das mãos apoiada no muro. 
-Tudo bem, Bel?
Bel. Ele ainda me chama de Bel. Bel. Bel. Bel. Bel. Bel. Bel. Bel. Bel. Bel. Bel...
-Tá tudo bem? -ele pergunta com um feição preocupada. Só então percebo que eu estava completamente imóvel, com a boca aberta, pensando na casualidade com que meu ex-quase-namorado que eu não via a anos estava parado em frente a minha casa me chamando pelo meu apelido.
-Ah, oi, sim. Tá tudo ótimo, e com você? Você quer entrar? Nossa, quanto tempo! O que você tá fazendo aqui?
Ai meu Deus, Isabel! Cala a boca! Argh, por que eu insisto em passar vergonha? 
João ri pra mim. Foco Isabel, foco. Não olhe para ele. 
Olhando para a esquerda do rosto dele, eu digo:
-Desculpa. Hum, entra. 
Ele olha para trás.
-Tem alguém atrás de mim? 
-Não, por quê?
-Você tava olhando para lá... - ele diz, confuso.
Eu sorrio. 
-Esquece - então entro, enquanto ele me segue.
-Mamãe, olhe só quem apareceu. - digo, já na cozinha.
-Não acredito! João! 
Eles se abraçam, fazem os cumprimentos costumeiros e minha mãe começa a fazer milhões de perguntas para ele sobre a nova vida, nova cidade, tudo. Eu apenas me sento, e começo a brincar com uma linha solta do pano de prato que minha mãe jogou na mesa de tanta euforia. Não dá pra acreditar que ele esteja aqui. Não quero prestar atenção na conversa que se segue ao meu lado, porque eu me esforcei de mais para parar de imaginar como estava sendo a vida dele. Foi difícil, mas eu tinha superado. Até agora. 
-...não é mesmo, Bel?
-Desculpe, o que?
Minha mãe deu um tapinha em sua testa, demonstrando minha lerdeza. 
-Acorda minha filha! A gente tava falando que seria muito legal se o João ficasse pro almoço. 

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Chá



Naquele dia, eu desejei a chuva.
Não que eu não gostasse de um lindo dia de sol e mesmo sendo sempre aquela que preferiu o frio do que o calor, aquela que sempre ficava em casa ao invés de matar o tempo lá fora, a chuva parecia diferente agora. Algo como uma grande cachoeira. Não vou ser clichê ao ponto de dizer que ela lavaria todos os meus problemas, porque sei que isso não é verdade. É só mais uma metáfora da qual eu não acredito. Mas sei lá, eu queria a chuva.
Eu me senti bem. Talvez não me sentisse assim num maravilhoso dia de sol na praia, pegando um bronzeado.
O dia nublado me deu motivo para ficar o dia todo deitada, me alternando entre assistir Big Bang Theory, escrever, ler, comer e dormir. Sem todo aquele papo de "você precisa sair". Eu sei do que eu preciso e naquele momento nada me cairia melhor do que ouvir o Sheldon dar uma explicação científica para tudo.
Toda essa tagarelice me faria esquecer as coisas e eu ainda teria o maravilhoso som da água caindo lá fora.
No final das contas, todos nós precisamos de um dia assim, chuvoso. Sabe, para fazer o que você não pode em um dia ensolarado. Até mesmo diria que todos nós temos um dia nublado embutido. Porque pode não estar caindo nem uma mísera gotinha lá fora e ainda assim nos sentirmos cinzentos.
Eu fui dormir, naquela noite. É o que as pessoas normais fazem sabe, dormir a noite.
Quando acordei, adivinhem só, estava caindo o maior temporal. Eu me sentia diferente. Quis aproveitar a chuva de uma maneira diferente do dia anterior, então eu saí e dancei.
Naquele dia, eu também desejei a chuva. Sabe, só pra descontrair do calor.


quarta-feira, 17 de julho de 2013

O nome do amor - 2° parte.

Boa noite! 
Já tá na hora de postar a segunda parte do conto O nome do amor, né? Ou não tem ninguém curioso aí?
Pra quem ainda não leu a primeira parte, melhor clicar aqui.
Espero que vocês gostem, espero de verdade. Comentem aí o que acharam. <3
Boa leitura!




Naquela noite, todos os meus amigos estavam quebrados. Ester nem mesmo me perguntou se eu tinha arrumado um namorado de tão cansada que estava. Eles só queriam ir dormir. Tive sorte de não ter feito a aula. Depois que consegui me livrar daquele garoto, arrumei um canto na praia ainda mais silencioso, tomei água de coco e li,com uma vista maravilhosa na minha frente. E o melhor de tudo é que agora não estou cansada. O pessoal disse que amanhã vai fazer a aula de novo, isso significa que vou ter o dia livre.
Tudo bem. Mas agora eu não estou a fim de ficar em casa então disse a eles que iria dar uma volta, peguei minha bolsa e sai.
O bom era que a casa que alugamos era perto da praia então fui dar uma caminhada pela orla.
Pelo caminho, vi vários casais de mãos dadas caminhando ou olhando o mar.
Estava ficando tarde e comecei a ficar com receio de continuar. Decidi fazer meia volta e ir embora.
-Olá, garota sem nome.
Disse uma voz conhecida atrás de mim.
-Oi.
Eu me virei e continuei meu caminho de volta. Era o garoto da bola, acho que é Lucas o nome dele...
-Não sei por que você foge de mim - continuou parado olhando pra mim enquanto eu andava.
-E eu não te devo satisfações.
-Tudo bem, você não gosta de conversar, já saquei. É só que você deixou cair isso aqui da sua bolsa... Laura.
Olhei para trás e o vi com um sorrisinho vitorioso no rosto enquanto girava minha carteira de identidade entre os dedos.
-Parabéns, você já sabe meu nome. Agora pode me devolver isto? – apontei para minha identidade.
Ele deu duas tossezinhas.
-Por favor...
Estendi a mão e ele me devolveu.
-É um lindo nome, Laura.
-Bom, Lucas também. Agora, boa noite, preciso ir.
Comecei a andar novamente.
-Não vou te deixar ir embora sozinha. É perigoso, sabe...
-Eu vim sozinha, posso continuar assim. Obrigada.
Não adiantou. Ele continuou andando a meu lado.
-A rua é pública então estamos apenas dividindo a calçada.
-Você é quem sabe.
-Você é do Rio, não é?
-Já deve ter visto no meu documento, então tanto faz...
-É sempre tão ranzinza assim?
-Olha só, desculpe ok? É só que... o que você quer? -eu finalmente perguntei. Aquilo já estava me incomodando.
-Bom, apenas conversar com você. Eu estava te olhando, mais cedo na praia. Vi quando você chegou, eu e um amigo estávamos jogando vôlei ali perto.
Eu não disse nada esperando que ele continuasse.
-Você não nos viu, estava concentrada arrumando suas coisas e depois começou a ler. Eu me senti como um intruso, pois você estava se encaixando tão bem na paisagem da praia. Com esses cabelos castanhos ondulados e compridos, esse sorriso quando lia algo que te agradava, e esses olhos verdes percorrendo cada linha de cada página. Foi quando aqueles garotos jogaram o primeiro bombom. Eu fiquei com vontade de ir lá tirar satisfações sabe, mas ficaria estranho já que não te conhecia. Você ficou bem brava com aquele bilhete não é? Fiquei com um pouco de medo ao ver sua feição.
Eu sorri, pela primeira vez, para ele.
-Aquilo me irritou .
Contei a ele o que estava escrito no bilhete e ele pareceu ficar com raiva também.
-Então eu continuei jogando bola, mas inconscientemente eu olhava para você e vi o segundo bombom te atingindo. Novamente você ficou com raiva.
Eu disse a ele a mensagem do segundo bombom.
-Moleques abusados! – ele disse.
Eu esperei ele começar a falar novamente.
-Eu estava te observando quando meu amigo me lançou a bola e, por impulso, eu a rebati. Ela foi direto em sua direção. Depois disso você já sabe...
-Entendi, mas porque você me perseguiu enquanto eu caminhava agora a pouco?
Ele deu uma gargalhada.
-Não te persegui! É que estou numa casa que fica logo ali e quando te vi, sai correndo para ver se era realmente você. Enquanto estava tentando te alcançar, vi sua identidade no chão e agradeci por Deus ter me dado um motivo para você falar comigo.
-Por quê? – eu perguntei.
Ele ficou acanhado.
-Parece que você me encantou, garota sem nome.
Depois de um tempo em silêncio, absorvendo a conversa, resolvi falar.
-Sim, sou do Rio.
Ele pareceu surpreso por eu ter tomado a iniciativa. Depois de um segundo ele disse:
-Ah... Bom, eu também. Quer dizer, nasci em Vitória, ES, mas moro no Rio agora.
-Está de férias aqui?
-Sim, mas é mais pelo meu aniversário mesmo. Minha família resolveu que viajaríamos nessa data.
-É hoje?
-Sim.
-Puxa, meus parabéns! – eu disse – Quantos anos?
-Dezoito.
-Hum... Muitas felicidades...
-Obrigado. Você está de férias?
-Sim, aproveitando as últimas do colegial. Estou com minha turma.
-Ah, que legal! Também são minhas últimas férias, depois, faculdade...
Parece então que o colégio dele também deu um recesso entre as férias de julho e de dezembro.
-Para qual você quer ir?
-UFRJ, e você?
-Eu também! Vou cursar jornalismo, e você?
-Bom, sinto lhe dizer, mas seremos colegas de classe...
-Sério? Que coincidência...
-Ou destino... – ele sussurrou.
Fingi que não tinha escutado. Já estávamos quase chegando a casa.
-Minha casa é bem ali. Foi bom conversar com você, obrigada por me acompanhar.
-Tudo bem.
Nós paramos.
-Laura, eu gostaria mesmo de te encontrar novamente.
Eu não sabia o que dizer.
-Se não quiser tudo bem, acho que já te pressionei de mais...
-Café da manhã, amanhã? – eu disse e ele abriu um sorriso – Meus colegas vão fazer uma aula de surf amanhã e eu prefiro não ir, então...
-Perfeito! Posso te pegar amanhã as 9?
-Combinado.
Nos despedimos com um beijo no rosto e eu andei até em casa.

Não sei o que estava acontecendo comigo, mas queria que amanhecesse o mais rápido possível.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

O nome do amor - 1° parte

Oi gente! Tudo bem? Espero que sim.
Bem, a algum tempo eu escrevi um conto, e só agora resolvi compartilhar com vocês. Vou postá-lo aqui, dividindo-o em partes.  Peço que comentem para que eu saiba o que vocês estão achando. Tomara que vocês gostem.



Introdução:

Quem foi que disse que pra ser feliz eu preciso de um namorado? Ah é, foi a Ester, minha melhor amiga. Não concordo, mas o tempo que eu levaria explicando a ela os prós de ser solteira quando se tem 17 anos não valeria porque no final ela ainda estaria convencida e obcecada em me arrumar um namorado. Ela está solteira, mas á procura. Os contos de fada são sua principal inspiração. Acho bonito que ela acredite tanto assim no amor, mas isso de ficar apaixonadinha não é para mim.

Não estou em busca de um namorado. Se o amor existe mesmo, ele vai ter que me encontrar.


São nossas últimas férias escolares antes de nos formarmos e irmos para a faculdade. Eu de jornalismo e Ester de moda e design.
Viemos com nossa turma para Salvador, depois de tanto discutir o destino da viagem. Nós somos do Rio de Janeiro e estávamos cansados de ir sempre aos mesmos lugares, e como é nossa derradeira oportunidade de passar um tempo juntos antes de terminar a escola, resolvemos fazer alguma coisa legal, para ficar marcado. Então, a capital baiana pareceu ser a solução para o nosso problema. Demorou um pouco para convencer alguns pais, mas no final, depois de muitos pedidos e demonstrações do quanto seria bom, eles concordaram. Afinal, a família do Cézinha ia vim passar as férias aqui, e eles concordaram em ficar de olho na gente. Não eram férias para a maioria dos colégios, mas nós começamos o período letivo mais cedo esse ano, então a direção deu três semanas de recesso para nós. Tiramos férias em julho, estudamos agosto, setembro, e outubro, e agora em novembro estamos de folga novamente. As aulas terminam no final de dezembro.
Faz uma semana que estamos aqui e eu estou amando.
Hoje o pessoal resolveu fazer umas aulas de surf na praia do Flamengo. Mesmo morando no Rio, não sabemos surfar e meus amigos precisaram atravessar 1209 Km para sentirem interesse em praticar esse esporte.
Mesmo achando que isso seria uma ótima oportunidade para mostrar a todos o quão descoordenada eu sou, preferi não fazer essa aula. Não podia ser tachada de estraga prazeres da turma, então disse a Ester que queria ficar na areia para paquerar uns gatinhos (eu não tinha a menor intenção de fazer isso). Ela aceitou na hora e disse que daria um jeito dos outros pensarem que estou passando mal para não ficarem me incomodando. Foi mais fácil do que eu pensei.
Achei um lugar vazio na areia, armei o guarda-sol, ajeitei minha cadeira em baixo dele e comecei a ler.
Pouco tempo depois, senti um impacto no meu braço. Era um bombom.
“Um bombom?” pensei.
Junto dele, havia um bilhetinho:
“NÃO ESQUENTA, AS CALORIAS DE UM BOMBOM A GENTE QUEIMA RAPIDINHO COM ALGUNS BEIJOS.”
Senti uma pontada no estômago. Que ridículo! Será que nem ler eu poderia?
Deixei o bombom de lado e continuei a leitura.
Passado alguns instantes eu senti uma batida novamente. Adivinha? Era outro bombom.
“GATA, VOCÊ SÓ TEM UM PROBLEMA: SUA BOCA ESTÁ MUITO LONGE DA MINHA.”
Eu estava quase me concentrando novamente quando... Sim, mais uma batida.
-Já chega! Qual é o seu problema?
Me virei com tudo e vi um garoto correndo em minha direção com uma expressão assustada.
-Desculpa, foi sem querer...
Ele disse pegando a bola que tinha me acertado dessa vez.
-Ah, não. Tudo bem, é que eu pensei que fosse outra pessoa – eu disse quando vi que não se tratava do dono da brincadeirinha dos bombons.
-Eu sei, os moleques dos bombons não é? Eu os vi jogando em você.
Ele apontou para trás e eu vi uns garotos rindo e fingindo que não estavam me olhando.
-Sim, eles mesmos – disse já voltando meus olhos para o livro.
-Prazer, sou o Lucas – ele disse, sentando-se ao meu lado.
-Oi, Lucas – eu disse, me levantando.
-Essa é a hora que você diz seu nome.
-Não costumo seguir certas regras de etiqueta.
-Como deixar os outros falando sozinhos, virar as costas e ir embora? – ele se levantou.
-Eu diria que é mais algo sobre não falar com estranhos – terminei de pegar minhas coisas e comecei a andar.
-Tecnicamente não sou um estranho, você sabe meu nome.
-É, mas você não sabe o meu.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Escreveu


Levantou, 
vestiu, 
penteou, 
arrumou;
comeu,
falou,
caminhou,
chegou; 
fez,
desfez, 
refez,
não fez;
tentou,
cativou.
fingiu,
sorriu;
voltou,
sentimentalizou,
textualizou,
dormiu.
sonhou,
despertou,
percebeu,
viveu.

sem drama



Seria muito ruim se eu ficasse triste agora? Talvez por uns minutos, ou sei lá...
Eu juro que tentei, com todas as minhas forças restantes, lutar contra toda essa babaquice de querer me descontrolar a toa.
Existe agora em mim uma vontade infinita (mais que o Charlie* foi, ou a Hazel** gostaria de ser) de falar quantos palavões existirem; subir no mais alto dos prédios e gritar aos quatro ventos o quanto eu quero que se exploda; me deitar e sentir como se estivesse em queda livre, e ficar assim até que meus pensamentos se organizem. Porém, maior que todos esses desejos, é a minha consciência e meu auto-senso me dizendo o quão boba estou sendo por pensar assim.
Sempre condenei, julguei quem praticamente parava de viver depois de uma decepção. Esse é o principal motivo para eu não me permitir isso. Não se trata apenas de mim. São todas as pessoas que me amam, que querem meu bem. E-E-U-N-Ã-O-V-O-U-D-E-S-I-S-T-I-R por mim mesma. Porque eu vou dar a volta por cima.
Quer ficar triste Isabela? Vai lá, se joga na piscina da tristeza. Você vai entender por si própria que a felicidade é bem melhor. Sabe por quê? Pois o mundo não vai parar simplesmente pela sua falta de atitude, ele vai continuar seu movimento natural, fazendo exatamente o que sempre fez.
Sem drama, cara. Nada de "eu não vou fazer falta". Existem muitas pessoas para as quais você é importante. E depois que você se tocar que tudo não passou de uma fase ruim, elas estarão lá, esperando por você.
Se agarre nisso.

*Charlie, de As Vantagens de ser invisível. "Eu me sinto infinito".
**Hazel, de A Culpa é das Estrelas. "Alguns infinitos são maiores que outros".


domingo, 2 de junho de 2013

Um quinto de década.




Dois anos. Vinte e quatro meses. Setecentos e trinta dias. Dezessete mil, quinhentas e vinte horas. Um milhão, cinquenta e um mil e duzentos minutos. Sessenta e três milhões, setenta e dois mil segundos.
Em dois anos, bastante coisa acontece no mundo todo. Sinto muito se esse advérbio de intensidade (bastante) não expressa o que realmente houve. Acho que não há um número exato para isso.

Pessoas se apaixonaram e logo em seguida se desapaixonaram. Filhos brigaram com suas mães por não serem atendidos. Crianças morreram, vítimas de maus tratos. Milhares de seres humanos ao redor do mundo tiveram suas vidas ceifadas por não terem o que comer, ou por simplesmente não terem sido "agraciados" com uma condição básica para viver. Curas para algumas doenças foram encontradas. Alunos se desesperaram com suas notas. Muitos dedinhos do pé se chocaram contra alguma quina. Celulares caíram ao chão. Milhões de fotos foram tiradas para postar no Facebook. Músicas foram lançadas, livros foram escritos. Cabelos foram cortados. Vídeos foram gravados. Roupas foram fabricadas. Modas foram lançadas. Nenéns choraram. Crianças fizeram birra. Adolescentes rebeldes fugiram de casa e perceberam o quão boa eram suas vidas ao lado dos pais. O planeta Terra deu duas voltas completas ao redor do Sol.

Só sei que em dois anos, eu cresci, aprendi, sofri, chorei, me fingi de forte, sorri. Fiz amizades incríveis, conversei muito. Mandei milhares de SMS, falei algumas horas ao telefone. Briguei, xinguei, me arrependi. Pensei que deveria ter feito algo melhor, ou apenas ter me arriscado. Escutei música, fiquei deitada pensando na vida. Pensei que nunca mais me recuperaria depois de uma decepção, e aqui estou, feliz da vida. Pois percebi que não importa muita coisa se você tem amigos e família a seu lado. Tantas pessoas que sofrem de verdade e ainda assim estão satisfeitas por acordar todos os dias. Porque sofrer está muito além de não ganhar o video-game mais moderno ou quebrar uma unha.
Em dois anos, eu repito, bastante coisa pode acontecer.
O Textualizando a Vida está fazendo aniversário hoje. Dois anos de vida. Por meio dele eu pude expressar, da melhor maneira que consigo, o que penso, o que sinto. Por aqui, pude praticar esse meu desejo infinito de escrever. E aí, meio que do nada, eu comecei a receber um carinho imenso que não imaginava ganhar. As pessoas começaram a vir falar comigo sobre o Blog, e a me parabenizarem. Eu fico sorrindo feito uma boba quando isso acontece. Durante esses dois anos, eu realmente entendi o significado de  tantos acontecimentos em minha vida, e compartilhei-os aqui com vocês.
Gostaria de agradecer de coração a todos os que leram meus humildes textos até o fim, à todos os que me desejaram sorte, que querem o meu bem, àqueles que sempre estiveram comigo.
Pode parecer uma coisa infantil, idiota e desnecessária eu estar aqui toda chorosa, agradecendo, mas para mim não é. Porque eu sempre vou me lembrar desse meu Bebê (risos) como meu primeiro espaço para demonstrar essas palavras que insistem em não querer ficar apenas dentro de mim.
Parabéns Textualizando a Vida, eu estou muito feliz por você.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Pós-carta



Você me disse que eu nunca tinha escrito nada à você. Argumentou que até mesmo o texto que um dia te dei, era uma história inventada, mais uma saída do mirabolante mundo que chamo de Minha Mente.
Provavelmente, isso é algum tipo de deficiência minha. Pensar que as palavras são tão importantes a ponto de não desperdiça-las com qualquer um. Esperar até o último segundo até ceder à tentação de deixar as mãos correrem soltas no papel. Não que as palavras não sejam importantes, elas são. O problema é não querer deixá-las passar de mim pra você.
Tanto reprimi que acabou passando. Mas era tarde de mais. E aí, era você quem não estava mais interessado nos meus escritos. Então se iniciou uma nova fase, em quem eu rascunhava para você e, ao me perguntarem para quem era, dizia que era um conto fictício, feito apenas para matar meu tempo de sobra. Irônico não é?
Sabe o que é mais engraçado? Eu ficar presa às palavras que escrevi - ou não escrevi - à você, e não conseguir iniciar em uma folha nova. Mesmo tentando, e tentando, e tentando... Sempre vem à mente a possibilidade de tudo ter sido diferente se eu apenas fizesse um esforço e te escrevesse. Nossa Isabela, será que era tão difícil assim pegar uma caneta e fazer sair dela algumas frases?
O problema era: pegar uma caneta, fazer sair dela algumas frase e logo em seguida constatar que você ainda estaria ao meu lado. Porque eu sentia que não estaria. Palavras são como sentimentos, uma vez escritas -ou demonstrados - não te pertencem mais.
O medo de sair machucada era grande de mais para te dar o gosto de ler o que escrevi. Infelizmente, isso não me impossibilitou de estar sempre pensando em você.

sábado, 18 de maio de 2013

Temores.


Estava relendo um dos romances de John Green, A Culpa é das Estrelas, e me deparei com o seguinte diálogo:
"-Augustus, talvez você queira falar de seus medos para o grupo.
-Meus medos?
-É.
-Eu tenho medo de ser esquecido - disse ele de bate-pronto.- Tenho medo disso como um cego tem medo de escuro."

Me fez pensar em meus próprios medos. "E aí Isabela,  que te faz 'tremer na base'?" 
Bom, eu vou falar então...
Tenho medo de não conseguir fazer tudo o que quero.
Decepcionar meus pais.
Não deixar nenhuma marquinha aqui, antes de morrer.
Altura.
Não realizar meus sonhos.
Ficar deitada numa cama a beira da morte pensando em tudo o que poderia ter feito e não fiz, entre outros...

Eu fiquei refletindo sobre isso. Existem tantos medos iguais, e ainda assim são individuais. Únicos para cada pessoa. Coisas banais podem ser terrivelmente assustadoras à uns, assim como perigos evidentes nada apavoram à outros. Acho mesmo incrível que seja assim. Não penso que os medos sejam ruins. O bom da vida é poder superá-los. Encontrar brechas nos próprios pontos fracos, e torná-los fortes.
Não importa se nunca estaremos cem por cento livres do medo. Se ele for mesmo ficar impregnado na gente, que seja como um convidado, como alguém que gostamos de ter por perto nos lembrando que sempre podemos ser melhores.
E Augustus, fique tranquilo: você foi imortalizado nas palavras de John Green.

Ah, se se sentir a vontade, deixe seu medo aqui em forma de comentário. Aceitá-lo é o primeiro passo para vencê-lo.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Mas que coisa!



O que são coisas?
Abri um dicionário e deparei-me com a seguinte definição:
Coisa: Tudo o que existe; qualquer objeto ou assunto; matéria.
Hum, ok. Então eu sou uma coisa, você que está lendo isso é uma coisa. Porque se eu não estou enganada, nós existimos.
Mas coisa é uma coisa tão abrangente. Não estou satisfeita com essa explicação. Tudo o que formos falar, poderemos expressar como "coisa". Mas as pessoas podem entender o que você quis dizer ou não. É mais provável que elas te perguntem: Mas que coisa?
Coisas podem ser todas as coisas do planeta. Ou do universo.
Se você esquece momentaneamente o que gostaria de falar, preenche a frase com coisa, que está tudo certo.
Agora, onde vou, lá estão elas :as malditas coisas a me perseguirem. É estranho quando você fica intrigado com relação a algo, e então começa a percebê-lo em todo lugar. Na fala das pessoas, a coisa está presente. Me policio para não fazê-lo também.  Não que seja de todo errado, eu só me irritei com isso. Outra mania adquirida.
Essas coisas da vida... Se for pensar bem, a “coisa” tem muito mais a ver com o nada, do que com o tudo. Não consigo entendê-la muito bem, e talvez seja esse o motivo da minha implicância.
Mas é preciso que aja essa palavra com sentido tão incerto, para que possamos delimitar o que realmente importa. Seria bom colocarmos essa conclusão fora da gramática, também. Para aproveitarmos as coisas que realmente nos dão alguma resposta. Ou valorizarmos aquelas incertas, como o “coisa”, mas que são tão completas, que não precisam de um alvo para serem precisas.
Tudo é questão de ponto de vista.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Querida amiga,


Você se lembra daquele dia, em que passamos a tarde toda conversando, assistindo filmes e comendo besteira? Tente se recordar.  Eu quero que volte na sua memória a maneira como sorrimos. Não apenas abrindo a boca, mostrando os dentes, como em uma visita corriqueira ao dentista. Mas repare bem nos olhos. Eles sorriem junto. Mostram que a sua alma está alegre.
Hoje, quando você sorriu pra mim, soube que aquilo não estava refletindo o que está dentro de você. Eu posso me lembrar de todas as vezes que você me fez ficar feliz, e olha que foram muitas. Sua amizade, verdadeira e sincera, me proporcionaram momentos de alegria.
Doeu em mim te ver assim. Doeu não pode fazer nada, já que sei muito bem o motivo da sua tristeza. Mas agarra na fé amiga, porque Deus vai te ajudar. Você vai ver que a cada novo amanhecer, a dor parecerá menor, até que um dia, seus olhos voltarão a sorrir de novo. E até lá, pode deixar que eu vou estar ao seu lado. Assim, quando seus olhinhos voltarem a brilhar, eu vou sorrir com você, como já estamos acostumadas. Então, tudo terá valido a pena. Só não esquece que pode contar comigo, sempre.
Te amo.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Uma folha, uma vida.



Me pediram para eu escrever, então eu escrevi.
Discorri sobre coisas, pessoas, lugares, situações...
Do meu lápis saíram palavras, formando frases e mais frases. Até que no final, a folha estava completa. Mas a meu ver, ela estava em branco como se tivesse acabado de sair da gráfica. Para mim ela estava vazia.
Essa folha em “branco”, com tantas letras amontoadas em cima dela, só ficou assim porque do meu lápis, junto com as palavras, não saíram sentimentos. Eu apenas escrevi e pela primeira vez aquilo não me foi suficiente. Porque eu não quis que fosse suficiente. Era fria, indiferente e sem emoção.
Minha folha se parecia muito com a vida de muitas pessoas, que se movimentam, conhecem outras pessoas, experimentam coisas novas, existem. Mas se sentem infelizes, vazias. Elas não vivem.
Se quisermos que todos os momentos da nossa vida sejam intensos, devemos colocar emoções neles! Pois, mesmo ao passar por situações difíceis, os aprendizados farão com que tudo tenha valido a pena.
Não deixe que sua passagem aqui na Terra seja como meu papel em branco, pois eu virei a página do caderno e reescrevi. Dessa vez, minhas palavras parecem um lindo jardim, no auge da primavera.
Você, infelizmente ou felizmente, não terá outro lugar onde escrever sua história. Aproveite ao máximo sua folha e faça dela o escrito mais bonito que puder, repleta de sentimentos.
Faça dela infinita. 

domingo, 5 de maio de 2013

É melhor ser alegre que ser triste...


...a alegria é a melhor coisa que existe.
É muito fácil você dizer que está triste, desacreditado, e sem um vestígio de esperança no coração. Mais fácil ainda é querer desistir de tudo, perder a fé.
Eu costumo sentar e procurar motivos para ser feliz, de vez em quando. Assim, como uma tarefa corriqueira, só pra matar o tempo. Isso passou a ser um dos melhores momentos da minha vida. Dividir com todos o que me faz sorrir é como levar a cada um, um pedacinho de mim. Entretanto, seria mais "proveitoso" que todos procurassem esses motivos. Para mim, a cada frase do meu autor preferido, é como se me fosse injetado ânimo para continuar e buscar formas de me completar. A cada vez que me abraçam, eu sinto como se Deus estivesse ali comigo me apertando e dizendo: "Ei, vai na fé!". Se uma criança me conta como foi seu dia na escola com seu amiguinho, eu já penso o quão maravilhoso seria se cada um pudesse ter uma partezinha inocente no lugar das desconfianças da vida. Nas conversas descompromissadas com meus amigos, é possível me perder em pensamentos sobre a alegria de tê-los em meu lado. Quando a minha família está reunida e acima de tudo, unida, eu agradeço silenciosamente por fazer parte disso.
Eu poderia citar infinitas justificativas para ser feliz, mas, como já disse, prefiro que cada um encontre as suas próprias. Se quiser, deixe em forma de comentário nesse post. Ficarei contente em saber dos motivos dos  seus sorrisos. 
Ah, eu já contei que fico feliz porque tenho dever de Física pra amanhã? Pior seria se eu não pudesse fazê-los....
Olhe com ouros olhos para seus problemas. Sob uma nova perspectiva, ele parecerá bem mais fácil de ser solucionado. Encontre um lado bom de tudo o que te acontece. 
Ser triste gasta muito mais energia...

A vida pede que você sorria pra ela. E esse é o pedido mais prazeroso de ser atendido.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

O Eu que virou Todos



Estava eu, prestando atenção à aula, quando o professor chegou a uma certa questão referente ao assunto estudado: a despersonalização.
Quem somos realmente? O que cada um representa? Qual a minha essência?
Não adianta querer falar que somos nós mesmos em todo momento. Ok, as pessoas com personalidade mais definida podem conseguir ser na maior parte do tempo, mas em dado instante serão persuadidas e induzidas a parecer alguém moldado de acordo com a forma perfeita e correta apresentada pela mídia. Essa ideia de como devemos ser, infere em nós, sem que percebamos, um desejo de sermos aceitos. O pensamento que predomina é que precisamos nos adequar àquilo que está nos sendo imposto.
São apresentados à nós, desde a infância, a maneira correta para se agir, para se gastar o próprio dinheiro, para se cortar o cabelo, para se vestir. Caso não se siga essas regras "disfarçadas" de moda, nunca se alcançará o sucesso. Bom, pelo menos é o que eles dizem.
Essa preocupação com o estar adequado ao mundo atual tira de todos nossa principal característica: a individualidade.
Se fosse para dar um recado para quem quer tirar a diferença de circulação, diria que acima da concepção de perfeição que paira sobre o mundo, está impregnado em nós a vontade de sermos únicos, assim como somos.  Nada de uniformes invisíveis e controladores. Nada de justificativas enganadoras e banais sobre o porquê das pessoas estarem cada vez menos preocupadas em ser elas mesmas. Todos sabemos de quem é a culpa, não é Senhora Modernização Descontrolada e Mal Pensada/Organizada?

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Variações da água





Sabe aquela espuminha que fica em cima do suco de laranja? Lembrei de você vendo isso, esses dias. 
Você diria que isso é impressionante e legal mas no fundo, ficaria curioso para saber se usei açúcar ou adoçante. Sempre foi assim. Sempre foi muito mais do que parecia e no final, era muito mais largo do que profundo. Agora, pensando um pouco nisso me lembrei de um trecho do livro "A Cabana", aquele que li no final de semana que você estava viajando para o interior. Quando voltou estava morrendo de saudades e nós faltamos a faculdade para ver um filme e ficarmos um pouco juntos. 

Mas daí, do nada, eu me lembrei de tudo isso. Quisera eu uma magnífica explicação científica ou uma teoria filosófica que pudesse satisfazer essa minha sede por conhecer o motivo de eu ter me lembrado de você pelo suco. Talvez fosse por aquela primeira vez em que você foi almoçar lá em casa, e aí derrubou toda a jarra em cima da minha mãe. Nada esperado ou agradável, mas você contornou a situação muito bem e, então, toda as suas visitas seguintes foram brindadas com o mesmo suco. Teve também aquele dia naquela cafeteria, que o garçom trouxe um suco de laranja pra você. Tudo estaria certo se seu pedido tivesse sido mesmo esse ao invés de um milk-shake de chocolate. Você não quis reclamar, estava em um daqueles dias de não falar muito. Então bebeu o suco sem querer e depois ficou de mau humor o resto do dia, até que a noite eu te comprei um milk-shake. Seu sorriso foi o melhor presente que eu poderia ter recebido.


Me lembrar de você assim... Talvez tudo tenha sido um pretexto, uma tentativa de justificar meus pensamentos. A verdade é que não consigo não me recordar de você. Mas não há nada que eu possa fazer se o nosso tempo acabou. A culpa deve ser toda minha que não me contentei com um relacionamento largo. Quem sabe a profundidade está por aí, num copo alto de suco de amora.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Invisíveis certezas - sonhos, expectativas e saudade, capítulo 2°


Oi pessoal, leitores, amigos, família, ursinhos pandas que saibam ler e afins. 
Estou aqui - muito contente, por sinal, obrigada por perguntarem - para disponibilizar a segunda parte do romance que faço com a Amanda Castilho, do blog 2% de você.
Não é possível pegar um trem em movimento, então sugiro que leia o primeiro capítulo antes de qualquer coisa, se ainda não conhece nosso projeto.
Já leu? Vamos lá então. Espero que goste da continuação desse conto.





Já se passaram 4 dias desde que falei com ela.

Uma terça totalmente sonolenta, na qual eu mais parecia um zumbi da minha série favorita.
Uma quarta mais animada do que o dia anterior, porém menos do que as habituais e com cara de "Ei, pense nela."
E, finalmente, uma quinta com o rótulo "ESPERANÇA DE TE VER ONLINE".

Só que isso não aconteceu. Eu não parava de recarregar a página do seu perfil. Não acho necessário mencionar que já estava salvo nos meu favoritos, ou seria?

Hoje é quinta-feira. Eu trabalhei com meu pai, evidentemente. O mais impressionante é que mesmo com todos aqueles papeis em cima da minha mesa, todos aqueles telefonemas atendidos no mesmo tom tedioso, e aqueles arquivos todos precisando ser organizados, eu não consegui parar de pensar nela. E o que eu não conseguia acreditar é que meu pensamento mais frequente era: Será que Alicia está pensando em mim?
Eu não sou inseguro, mas desde a primeira - e única - vez que falei com ela, eu me sentia assim, com medo de não ser bom o suficiente.
Quando me disse que precisava sair naquela noite, senti um aperto no peito, porque queria continuar a conversar com ela, por quanto tempo fosse possível. Era diferente falar com a Alícia... E desde então não a vi mais conectada.

Chegando do trabalho hoje, já fui ver se tinha alguma novidade, mas nada. Deixei o perfil dela aberto em uma aba e comecei a jogar em outra, só para passar o tempo. Não entrei em nenhuma outra rede social, para que ninguém me incomodasse na tarefa de esperar.

Sabe quando as pessoas dizem que o tempo para? Então... Foi exatamente isso que aconteceu quando eu vi um novo twitte em sua página. Corri a trocar de aba:

"Isa aqui, na casa da Alícia."

Ok, não era ela. Mas já era um começo. Não me importava se outra pessoa também iria ler, por isso a enviei uma menção.

"Te mandei uma DM".

Na DM escrevi: 

"Meu Deus, você sumiu. Quer me matar, menina? Como você anda?".

Eu não sabia se soaria meloso ou desesperado de mais, só queria falar com ela logo. A Alícia respondeu logo a mensagem:
"Ei, desculpa. Tudo bem? Fiquei ocupada durante essa semana..."

Ah, então era isso. Tudo bem.
"Saudades de você, e você de mim?", eu perguntei. Ela riu e disse: 

"Digamos que sim, em uma porcentagem considerável".

Viu, é disso que eu estou falando. Ela é só diferente... E o diferente mais lindo que eu já vi.
Então, antes que eu pudesse responder, chegou outra mensagem dela:

"Hm, de amizade com a Lili..."

"Lili, oi?", estou confuso.

"Desculpa Guilherme, a Isabela que estava digitando.", a Alícia explica.

"Ok. Guilherme não, só Gui para você ok?"

"Isabela não, só ISA!"

"Ok, só Isa."

"Isso"

Ãn? Eu não estava entendendo mais nada.

"Com quem eu estou falando? Tipo, só pra saber mesmo".

"Agora sou eu, Alícia. Desculpa Guilher... ops, Gui."

Depois disso, eu e ela conversamos em paz. A amiga dela, a tal de "só Isa ", permitiu isso. Meu coração deu uns pulinhos estranhos. Não sabia se era normal, o que eu estava sentindo. Apenas gostei daquela nova sensação experimentada.

O resultado disso tudo foi mais uma noite em que eu adormeci pensando na Alícia. E eu agora sabia que ela gostava de comer amoras, tinha mania de sonhar, a Isa era sua melhor amiga, e ela gostava de imaginar situações que serviriam de enredo para os contos que escrevia...