quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Nostalgiando




Eu estou com saudade de uma coisa que ainda tenho, porém é certo que vou perdê-la. Isso é normal, né?

Já estou sentindo falta do café que tomo todo dia, feito pelo meu pai e que é o melhor dessa galáxia toda. Aquele café que ele insiste em querer me fazer trocar por um copo de leite. "É mais saudável, Belinha", ele diz. Mas não há como, eu simplesmente não posso desperdiçar esse café. Só isso. 
E - ai meu Deus! - como eu vou viver sem ver a serra todo dia ao acordar e reclamar por ainda ser tão cedo? E nas noites de verão, com a chuva marcando presença e o coaxar dos sapos irritando minha mãe e eu achando graça disso tudo? Como dormir sem esse barulho?
Vou sentir saudades das tardes/noites de jogo do Flamengo, em que é quase palpável a emoção da expectativa pelo gol. 
Penso que será doloroso não ter o mesmo lugar para guardar os meus livros, todos milimetricamente arrumados. E aquele velho costume de retirá-los com cuidado, limpá-los, cheirá-los, abraçá-los, recolocá-los no lugar, e enfim admirar toda a beleza da minha pequena coleção. Posso até mesmo imaginar vários coraçõezinhos sobre eles. 
Eu vou sentir falta da ansiedade vindo e pesando sobre o corpo, e quando finalmente ela passa, o esquecimento toma conta de uma forma tão leve e serena, fazendo um sorriso brotar.
Aposto que vou ficar recordando das vezes em que me sentei no chão da varanda pra ficar um pouco com meus cachorros. Uma tarefa que consistia em conseguir colocar os três no colo, ao mesmo tempo que tentava não deixar eles chegarem perto de mais um do outro, e falando pra eles pararem de rosnar, porque tinha espaço pra todo mundo. No final, eu sempre fico cheia de pelos e eles um em cada canto brincando aleatoriamente. 
Não vai ser fácil se acostumar com a ausência da mamãe rindo de forma tão natural quando eu e meu irmão fazemos alguma bobeira sem graça. 
Mas todos temos que crescer, não é? Criar asas, voar pra longe, se descobrir e descobrir o caminho certo a trilhar. Quebrar a cara, ver que não era aquele. Voltar, recomeçar e então, acertar. Não necessariamente recomeçando apenas uma vez. 
O que eu aprendi é que não podemos ter medo, pois temos tão pouco tempo aqui na Terra que é até pecado desperdiçar esse presente que Deus nos deu, tendo receio de realizar nossos sonhos.
Ninguém pode viver por ninguém. A vida vai passando e se transformando nos moldes que a gente der a ela.
Saudades? Vou sentir muitas. Mas eu tenho absoluta certeza de que cada momento faz parte de mim, eles nunca me deixarão. Tudo o que importa é o daqui pra frente. E se eu não aproveitar... Ah, aí sim eu vou poder me lamentar.



2 comentários:

  1. Amo receber comentários lá no blog e espero que goste do meu.
    Você sabe que eu amo esse seu mundo e adorei principalmente esse texto.
    É tão bom ler algo que me faça sentir e é incrível quase te ouvir recitar suas palavras.
    Saiba que tem uma torcedora louca para dar certo!

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    1. Mas é claro que eu amei seu comentário.
      Tão bom ter você como amiga, sendo uma das poucas pessoas que REALMENTE entendem o que as palavras podem provocar nas nossas vidas.
      Espero que o nosso "projeto" continue dando certo, e que tenhamos sempre coragem pra seguir em frente.
      Te amo e tô sempre com saudades!

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