sábado, 30 de agosto de 2014

Pra quem não tem colírio



Lera certo livro de amor, certa vez.
Aliás, lera alguns livros de amor, durante a vida.
Afinal, que livro não traz o amor, mesmo que como plano de fundo ou nas entrelinhas de suas páginas?
Em últimos dos casos, talvez ele esteja ao menos nos agradecimentos do autor para alguém importante.

As músicas que mais me interessam são aquelas em que ele se faz presente. Até mesmo o egoísmo nos versos do Camelo dizendo que quer todo o amor do mundo apenas para ele e sua amada me emociona. Quer possessividade mais aceitável que essa?
Não há sentido para mim ler ou escrever poesia sem que esteja impregnado em suas estrofes um sentimento verdadeiro por algo.

Não falo do amor apenas no sentido de relacionamento, isso é o estereótipo que mais me incomoda.
Nunca me tocou maior história de amor do que aquela de quando eu tinha 7 anos e o Zezé, totalmente sentido, disse que seu pé de Laranja Lima já havia sido cortado há mais de uma semana. Relera-o algumas vezes até entender o verdadeiro sentido da coisa, o motivo real pelo qual eu fiquei tão maravilhada  e impressionada com a história ao ponto de preferir virar as folhas à comer ou dormir.
Talvez, com minha cabeça e pensamentos de criança, não necessitasse de um motivo para ser gentil, ou para perceber a felicidade em minha vida. Que problemas eu tinha, mesmo?
Apenas me lembro de passar a querer ser mais carinhosa com as pessoas - e com as árvores.
Sempre estou em busca de novas palavras que me façam ver o amor em algum lugar antes despercebido.

A expectativa que todas as vezes me toma o peito por saber que um anjinho vai vir me visitar, me mostra o quão sortuda sou por ter contato com a ingenuidade e o afeto de uma criança. Não existe alegria maior do que receber um abraço bem dado apenas porque se estava com tanta saudade.

Encontrar o amor é tão simples que acaba confundindo tanta gente. Gente que provoca guerra por amar tanto um lugar. Gente que não sabe pensar nas consequências e acaba que – por amor- faz coisas que não deveria. Gente que se esquece de dizer que ama e depois sofre por ser tarde demais. Gente que está tão desacreditada por estar sozinha que esquece que o Camelo não pegou todo o amor do mundo pra ele, e que a sua volta existem tantas coisas e pessoas para serem amadas.  Um cachorrinho ficaria muito feliz em ser adotado. Uma criança pode estar precisando de um gesto de amor. Um sorriso gostaria tanto de aparecer em seu rosto...


O amor é questão de ser. É questão de ver.

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