Sorriso aberto, incerto.
Tão aberto que por seus cantos é quase possível enxergar seu
coração. Repare, quase.
Tão incerto que oscila a cada vez que pensa de verdade.
Talvez seja esse seu almejo, que descubram.
Talvez não devesse pensar tanto.
Os olhos quase fechados.
Uma consequência.
Queria enxergar, ainda assim.
As impressões ficam gravadas na mente, no corpo, na alma.
Cada pedacinho de memória é bem costurado no chão dos
tecidos.
Sorriso aberto demais.
Sentimentos expostos demais.
Sofrimentos lembrados demais.
Olhou para cima e viu a andorinha pousar no galho da
amoreira.
Olhou para o lado e percebeu o livro da vez fechado sob a
cama, sem que se lembrasse da página em que estava.
Olhou para o espelho e se observou com os cabelos bagunçados
de quem vai passar o dia todo em casa, preguiçando.
Sorriu.
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