sexta-feira, 20 de março de 2015

o que o tempo não levou


Hoje o dia está escuro. A escuridão, a falta de luz. 
Hoje me lembrei de você, e de como também haviam dias assim para nós.
Revivi na memória momentos em que te vi sorrindo e seus olhos se comprimiram, os cílios enormes formando um desenho engraçado. Ali, eu estava em paz. 
Quis contar que escrevi à você há muito tempo, e então as palavras do coração passaram a me soar banais. Foi quando decidi parar de tentar te trazer de volta. 
Pressenti a dor, a solidão, mas não pude deixar de surpreender-me com o fio se rompendo assim tão abruptamente. O fio que parecia tão resistente naquele abraço de dia preguiçoso, onde eu podia sentir sua respiração ofegante de quem está com medo da vida.
Olhei pela janela e vi o dia querer sorrir. 
Eu tinha que parar com essa mania de oscilar entre o passado e o presente, e ainda querer controlar o futuro.
Eu tinha que enxergar as nuvens se abrindo e um filete dourado se espremendo para iluminar o céu. 
Eu tinha que querer ser como o filete dourado e entender que as coisas podem mudar, eu aceitando ou não. O que não quer dizer que se entregar ao agora deve fazer com que o futuro seja ignorado.
Mas toda a nossa falta de planos acabou por moldar o fim.
O fio se rompe.
E não sobra mais nada.





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